A cara do governo Dilma Rousseff na área de direitos humanos deverá ficar mais explícita na reunião do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, no fim deste mês, em Genebra (Suíça). Um relatório está sendo preparado pelo Itamaraty para ser apresentado no encontro, como ocorre todos os anos. A diferença, no entanto, é grande para os anos anteriores: é o momento em que o novo governo deve deixar clara sua linha de atuação e as diferenças em relação ao governo anterior.
O ministro das Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota, tem falado sobre o tema com seus colegas da Defesa, Nelson Jobim, e dos Direitos Humanos, Maria do Rosário. No entanto, o texto final passará antes pelas mãos de Dilma Rousseff.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, a assessoria do Itamaraty negou ontem que exista “uma inflexão” na política de direitos humanos, acrescentando que as reavaliações de cenário são promovidas de forma contínua. Em entrevistas, no entanto, a própria presidente já demonstrou que é mais dura com violações nessa área do que seu antecessor. Criticou o Irã e, em entrevista aos jornais argentinos, deixou claro que poderá fazer restrições a Cuba, o que não ocorria no governo anterior.
A avaliação do Itamaraty é que o Brasil está maduro para firmar posições nessa área. Diplomatas admitem que havia um “hiato” entre a fala e a prática. Daqui para frente, a defesa dos direitos humanos deverá ser mais forte tanto nas relações multilaterais como nas bilaterais e regionais.