Extraordinariamente, o Conselho Supremo das Forças Armadas do Egito se reuniu na manhã de hoje (11), no Cairo. Em um comunicado nesta manhã, os militares se mantiveram neutros em meio à crise política que domina o país há 18 dias. Também reafirmaram ser legítima a posição dos manifestantes contrários ao governo, prometeram não usar a violência e respeitar a diversidade de opiniões.
As informações são de diplomatas brasileiros que acompanham o processo político no Egito. A expectativa da oposição, entretanto, era que o Conselho Supremo das Forças Armadas tivesse outra posição. Os oposicionistas queriam o apoio dos militares para a saída imediata do presidente egípcio, Hosni Mubarak, do poder, o fim do estado de emergência e a convocação de uma Assembleia Constituinte.
Sem acordo entre governo e oposicionistas, a Praça Tahrir e as principais áreas do Cairo amanheceram hoje – dia das orações dos muçulmanos – lotadas de manifestantes que prometem protestos em massa para pressionar a saída de Mubarak, a instalação de um governo provisório e a realização de eleições para as câmaras Baixa e Alta – que equivalem à Câmara dos Deputados e ao Senado no Brasil.
Ontem (10) Mubarak fez um pronunciamento à nação, por meio da rede de televisão estatal, em que reiterou sua intenção de permanecer no governo até novembro, quando o sucessor assume o poder. As eleições estão marcadas para setembro. A expectativa, baseada em informações de integrantes do governo, era que ele renunciasse. Porém, o presidente avisou que vai transferir algumas atribuições ao vice-presidente, Omara Suleiman.
Frustrados, os manifestantes, que aguardavam a renúncia de Mubarak, intensificaram os protestos. Suleiman voltou à televisão e apelou para que as pessoas evitassem aglomerações e manifestações. O apelo não surtiu efeito nem mesmo com a ameaça do vice-presidente de endurecer no tratamento com os manifestantes.
As especulações ontem em torno da renúncia de Mubarak foram geradas pelo primeiro-ministro egípcio, Ahmed Shafiq, que disse que a permanência de Mubarak no poder estava sendo discutida pelas autoridades do país.