O diabetes é uma das principais causas de perda de visão antes dos 65 anos. Diversos estudos em andamento buscam desvendar por que os diabéticos desenvolvem complicações na vista. Mas um estudo sueco chamado “Prolong” (“pro” de protective e “long” de longevity), se propõe a descobrir por que entre 10% e 15% dos diabéticos não desenvolvem tais complicações que podem levar à perda da visão. O que os protege?
“Hoje há na Suécia 12 mil pessoas que têm diabetes há mais de 30 anos e 1.600 que controlam a doença há mais de 50 anos. Metade delas quase não apresenta complicações. Claramente, esses ‘veteranos’ são diferentes e nós vamos descobrir por que”, diz Valeriya Lyssenko, coordenadora do estudo promovido pela Lund University.
Os participantes do “Prolong” respondem questões sobre estilo de vida, hábitos alimentares e histórico de doenças na família, bem como são submetidos a vários exames médicos e genéticos. “Se conseguirmos determinar o que vem protegendo esses ‘veteranos’ de complicações devastadoras, como a perda da visão, então poderemos desenvolver medicamentos capazes de cumprir o mesmo papel”, diz a doutora Valeryia.
Diabetes versus visão: uma batalha árdua
Na opinião do médico oftalmologista Renato Neves, diretor do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo, é fundamental que a ciência se apresse em buscar meios para proteger os pacientes diabéticos dos desdobramentos cruéis que muitas vezes a doença provoca, incluindo a perda de visão. “Assim que a pessoa se torna diabética, os problemas de visão podem ter início a qualquer momento. Daí a importância de um acompanhamento oftalmológico frequente.
Como o comprometimento da retina pode ser assintomático, sem alterações na qualidade da visão, o exame de fundo de olho é fundamental para detectar pontos e vasos sanguíneos propensos a romper e desencadear hemorragia”.
De acordo com o especialista, pacientes com microaneurismas ou rompimento de capilares são os candidatos mais indicados ao tratamento de fotocoagulação a laser. “Esse é um tratamento específico para ‘secar’ os vasinhos que podem comprometer a visão do diabético.
Apresenta mais de 50% de sucesso, desacelerando o agravamento do quadro. As aplicações são indolores e geralmente realizadas em consultório, com utilização de colírio anestésico. O intervalo entre elas varia de paciente para paciente”.
Para quem sofre de retinopatia diabética proliferativa (RDP), os riscos de perder a visão são ainda maiores.
Neves diz que, nesse caso, o tratamento a laser é um dos poucos recursos que podem controlar a neovascularização – bastante comum nessas situações. “A RDP geralmente ocorre em pessoas que apresentam retinopatia diabética em estágio avançado, podendo levar à isquemia da retina – condição em que a irrigação e oxigenação são insuficientes ou nulas.
Em casos muito graves, somente a vitrectomia (cirurgia para a substituição do vítreo) representa uma esperança de o paciente voltar a enxergar.”
Fonte: Dr. Renato Neves, médico oftalmologista, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos (SP) – www.eyecare.com.br // www.olhos.org.br