O presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), dom Erwin Kräutler, divulgou hoje (25) uma carta aberta em que aponta irregularidades no projeto de construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). Segundo ele, se for construída, a usina resultará em prejuízos irreversíveis aos municípios paraenses de Altamira, Anapu, Brasil Novo, Porto de Moz, Senador José Porfírio, Vitória do Xingu e aos povos indígenas da região.
Dom Erwin Kräutler, bispo do Xingu (PA), diz no comunicado que pediu uma audiência com a presidenta Dilma Rousseff para apresentar as preocupações do movimento sobre Belo Monte. Mas, de acordo com ele, o governo propôs um encontro com o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República. Na carta, o bispo afirma que uma declaração em defesa da construção da usina atribuída ao ministro o levou a recusar a reunião.
Kräutler disse que o diálogo almejado com o governo nos últimos anos foi “inviabilizado já desde o início”. Ele afirma que os índios não foram ouvidos. “Com base nessas denúncias, pedimos à Procuradoria-Geral da República investigação e tomada de providências cabíveis.”
Nesta tarde, Kräutler entregará à vice-procuradora Geral da República, Débora Duprat, uma representação contra o projeto de Belo Monte.
Na carta, o bispo diz ainda que falta um estudo sobre o impacto que sofrerão os municípios afetados pela construção da usina e sobre a qualidade da água no reservatório a ser construído.