Esther Aikpehae, de 12 anos, estrela do filme que venceu o Oscar de melhor documentário em curta-metragem no último domingo, pode ser deportada do país onde morou durante um terço de sua vida.
O curta “Strangers No More”, de Karen Goodman e Kirk Simon, conta a história da escola frequentada por Esther, onde os filhos de trabalhadores migrantes e refugiados oriundos de 48 países estudam lado a lado de israelenses nativos.
A vitória do Oscar, porém, tem um sabor agridoce para a escola. Cerca de 120 de seus 830 estudantes correm o risco de ser deportados. Os pais das crianças estão em Israel ilegalmente e o governo está prestes a apertar o cerco.
O governo de Israel estabeleceu os critérios em agosto passado para autorizar que cerca de 800 crianças migrantes permaneçam no Estado judaico com suas famílias, mas 400 menores não têm as qualificações necessárias.
Esther, que é da África do Sul e não é judia, está entre estas.
“Eu amo Israel. Quero crescer em Israel. Há um motivo para eu ter vindo e eles não podem apenas decidir em uma manhã deportar todas as crianças”, diz Esther em um hebraico fluente.
Esther foi para Israel com o pai, Immanuel, em 2007. Ele diz ter fugido depois que sua mulher foi morta por pessoas para as quais a família devia e alega que é muito perigoso voltar para casa.
Eles moram em um apartamento de um quarto no sul de Tel Aviv, onde vivem muitos migrantes em condições precárias. O gato magrelo de Esther chama-se Shalon – “paz” em hebraico. O teclado elétrico dela fica ao lado de uma mesa improvisada e de um laptop.
Ela tem desfrutado da atenção da mídia desde a premiação da Academia e diz que quer ser “atriz ou empresária” quando crescer, de preferência em Israel.
“Eu me sinto afro-israelense, não apenas israelense. Eu falo a língua, eu me acostumei aqui”, afirma Esther.
Mas ela mora em Israel há apenas quatro anos, um ano a menos do limite estabelecido pelo governo aos autorizados a ficar.