A redução dos juros no Brasil não depende apenas dos cortes fiscais e da política monetária, avaliou hoje (3) o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn. Segundo ele, o país também precisa aumentar a taxa de poupança interna tanto no setor público como no setor privado, para diminuir os juros no médio e no longo prazo.

Strauss-Kahn fez o comentário depois de se reunir com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele defendeu o aumento dos juros básicos pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, afirmando que o reajuste da taxa Selic para 11,75% ao ano era necessário para esfriar a economia brasileira e conter a inflação. “A posição adotada pela autoridade monetária era a postura correta”, afirmou.

Sobre os riscos do aumento de juros para a taxa de câmbio, que estimula a entrada de dólares e torna a moeda norte-americana mais barata, o diretor-gerente do FMI afirmou que a apreciação do real é consequência do sucesso da economia brasileira diante da crise econômica mundial. Na avaliação dele, o crescimento acima da média mundial estimulou a entrada de investimentos estrangeiros, tanto na forma de investimentos diretos, que geram emprego, como de capital financeiro volátil.

O diretor-gerente do FMI defendeu a emissão de até US$ 600 bilhões pelo banco central norte-americano para estimular a economia dos Estados Unidos. A medida é criticada pelo Brasil e pelos demais países do Bric – Índia, Rússia e China – porque torna o dólar mais barato, desestimulando as exportações e dificultando a obtenção de saldos positivos na balança comercial.

“Todo o mundo depende de que os Estados Unidos cresça. Se a economia norte-americana quebrar, arrasta todo o planeta junto”, advertiu. Ele reconheceu que a emissão de dólares traz problemas cambiais para países exportadores, mas alegou que os países devem tomar medidas de longo prazo para baixar os juros, como o estímulo à poupança.

“Em fases de sucesso, é inevitável que haja atração de capital, mas os juros seriam mais baixos se a poupança [do setor público e do setor privado] fosse mais alta. Não basta olhar apenas para o bode expiatório da facilitação quantitativa como as causas para o câmbio valorizado”, ressaltou Strauss-Kahn.