O dólar comercial abriu o dia em queda de 0,18%, negociado a R$ 1,657 no mercado interbancário de câmbio. No pregão de ontem, a moeda americana recuou 0,06% e foi cotada a R$ 1,66 no fechamento. Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), o dólar à vista abriu em leve queda de 0,08%, a R$ 1,6573.

Hoje, o noticiário desanimador da Europa não abala os mercados, que mostram disposição para riscos nesta manhã. As bolsas sobem fortemente e são acompanhadas pelas commodities (matérias-primas). Além disso, as moedas de maior risco continuam ganhando fôlego em relação ao dólar.

O recuo da moeda única no fim do dia de ontem ocorreu no rastro da decisão do Parlamento português, que rejeitou as medidas de ajuste fiscal propostas pelo governo socialista de José Sócrates e provocou a renúncia do primeiro-ministro. Segundo os analistas, isso empurra o país para a lista dos que não conseguirão evitar o auxílio do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia. Mas depois da reação inicial, o mercado absorve bem a notícia, já que ela foi amplamente antecipada.

O mesmo movimento ocorre em relação à decisão da Moody”s de rebaixar o rating (classificação de risco) de 30 bancos espanhóis, expondo um pouco mais a fragilidade do sistema financeiro do país. “Há muito tempo o mercado comenta as dificuldades dos bancos na Espanha e os investidores consideram isso nos negócios. Além disso, o impacto das decisões das agências de rating, desde a crise de 2008, quando sofreram abalo em sua credibilidade, é bem menor”, diz um especialista.

Já ajudando a explicar o ânimo dos investidores, há a liquidez, que continua farta. Isso favorece o deslocamento dos investidores pelos diferentes ativos em busca de lucros. Vale lembrar que, depois do terremoto que arrasou o Japão, o banco central do país e o G-7 (grupo dos sete países mais ricos do mundo) injetaram mais dinheiro no sistema financeiro global para barrar as operações que levavam o iene a bater recordes de alta. Esses recursos – cujo montante total é uma dúvida – procuram novos endereços.

No Brasil, o mercado continua aguardando medidas cambiais que limitem a valorização do real. A expectativa, por si só, vai amparando o ritmo de queda do dólar. Ainda assim, a moeda norte-americana, que no dia 17 alcançou R$ 1,68 no mercado interbancário, pode recuar à casa de R$ 1,65 hoje, depois de ter encerrado o pregão de ontem a R$ 1,66.