Um grupo de 25 brasileiros que residia no Japão, nas regiões de Miyagi – que sofreu tremores intensos de terra e tsunamis – e Fukushima – onde houve os acidentes nucleares, foi retirado da área e transportado para Tóquio. A Embaixada do Brasil no Japão e o Consulado-Geral do Brasil em Tóquio preparam para a amanhã (18), nova operação de resgate.
Para a nova operação, os detalhes ainda estão sendo definidos. Não há o número de pessoas que deverá ser retirado, nem os locais que serão submetidos à ação.
Do total de 254 mil brasileiros que vivem no Japão, 777 estão em áreas consideradas de risco em decorrência dos tremores de terra, tsunamis e acidentes nucleares. As regiões avaliadas pelas autoridades como em situação mais delicada são Fukushima – por causa das explosões e vazamentos nucleares – e Miyagi, Iwate e Aomori – áreas ameaçadas por causa dos acidentes naturais.
O Ministério de Relações Exteriores informou que os brasileiros retirados de Sendai – na região de Miyagi – e de Fukushima foram transportados para Tóquio. Foram utilizados dois ônibus para o transporte das pessoas e também das bagagens. Os veículos foram fornecidos por um empresário brasileiro de origem japonesa, que ajudou nos resgates.
De acordo com o Itamaraty, há um esquema de plantão tanto na Embaixada do Brasil no Japão, quanto nos três consulados em funcionamento no País. Paralelamente, há funcionários da representação brasileira que percorrem as áreas mais atingidas para levantar as necessidades dos brasileiros e entregar mantimentos.
No site do consulado do Brasil em Tóquio há uma relação dos locais que funcionam como abrigos em várias cidades japonesas. A maioria dos locais transformados em abrigos é de escolas primária e secundária. Para mais informações, o endereço eletrônico do Setor de Assistência a Brasileiros é assistencia@consbrasil.org.
DEKASSEGUIS – Talita Tamura, de 30 anos, possui familiares em Junqueirópolis. Ela mora no estado de Kanagawa, há mais ou menos 340 km de Fukushima, e trabalha com montagem de pequenas peças usando microscópio. Talita conta que os noticiários no Japão são constantes sobre a área de radiação, que aumentou de 20 para 30 km em volta da usina nuclear de Fukushima.
“Sempre estamos olhando a previsão do tempo, assim podemos saber qual a direção do vento, pois as ondas de radiação se propagam no ar e são levadas através do vento. Aqui não dá para saber ao certo qual o real índice de radiação emitido pela usina de Fukushima. O ministro Edano sempre atualiza os dados e tenta acalmar a população”, relata Talita.
“A preocupação é com o racionamento de energia que ocorrerá todos os dias, com duração de três a quatro horas, uma vez que atingirá não só as casas, mas todos os serviços, inclusive públicos, semáforo, lojas, tudo para”, comenta.
O combustível é outro problema. Talita observa que há muitos postos fechados devido ao racionamento. Nos poucos que abrem há filas enormes de carros na rua. Ela lembra que o abastecimento, antes estipulado em 20 litros por carro, agora é de 10 litros.
Talita explica que devido ao racionamento de combustível, os transportes foram afetados, gerando escassez de mercadorias nos mercados e de gasolina nos postos. Algumas rodovias também foram interditadas e poucas linhas de trens estão operando.
A situação se agrava com relação aos alimentos. “O que acabou primeiro nas prateleiras foram arroz, cup-lamem (macarrão instantâneo), papel higiênico, água, vela, seguindo para outras coisas”, diz Talita, afirmando que os abalos continuam.
Na quarta-feira (16), às 22h30, (hora do Japão) ela disse que houve um grande terremoto de magnitude 6.0 na escala Richter, na região de Shizuoka. No local em que Talita mora, o terremoto foi de 4. “Medo sempre temos, pois os abalos que antes era de 3.0 passaram para 4, 5, 6 pontos na escala Richter. O abalo na província de Miyagi foi o mais intenso sentido não só por mim, mas creio que pela maioria de meus amigos, inclusive minha família”, finalizou Talita. Acima ela se referiu à quarta, porém no Brasil ainda era terça-feira.