Depois de morar por 13 anos na Unidade de Emergência do HC (Hospital das Clínicas) de Ribeirão Preto, Karina Aparecida Chicória, de 27 anos, recebeu a doação de um respirador do DRS (Departamento Regional de Saúde) e receberia alta ontem (30).
A ansiedade de deixar o hospital fez com que a paciente mal dormisse na noite de terça-feira (29). “Em casa, terei mais liberdade para poder sair e receber amigos. Não quero a rotina do hospital. Quero acordar quando quiser, comer o que quiser sem ter de pedir”, diz.
Karina conta que, aos 14 anos, foi atingida por uma facada no pescoço durante uma briga com uma colega que, assim como ela, traficava drogas. A faca atingiu a medula da adolescente, que passou 18 dias em coma e seis meses internada na terapia intensiva. Quando recobrou a consciência, estava tetraplégica e dependente da respiração artificial.
Karina passou a adolescência no hospital e, após a revolta inicial pela perda dos movimentos, aprendeu a ter médicos e enfermeiros como família.
“Ela é muito alegre. Havia dias em que eu falava que não estava legal e ela me ouvia e me confortava”, afirma, emocionada, a professora Janaína Malta, que ajudou em 2009 a paciente a concluir o ensino fundamental pelo Exame Nacional para Certificado de Complemento de Jovens e Adultos.
Para que Karina pudesse voltar para casa, foram mobilizados o Ministério Público, a Prefeitura de Ribeirão e o DRS. Há cerca de um ano ela esperava o aparelho importado, que custa cerca de R$ 30 mil. As informações são do Jornal A Cidade de Ribeirão Preto.