As irmãs Elena Werkiling, de 44 anos, e Cleusa Werkiling, de 48 anos, pescadoras profissionais há mais de 15 anos admitiram que este período de Quaresma está sendo a pior época dos últimos anos. Elas residem no acampamento “Z-15” que abriga oito famílias acomodadas em poucos barracos de lona montados às margens do Rio Paraná a oito quilômetros do município de Panorama e estão acostumadas com a fartura produzida pela pesca.
A causa dessa má fase da pescaria, segundo Cleusa é causada pelo enchimento desordenado do Rio Paraná fazendo com que a quantidade de peixe diminua e aumente os danos com redes pela sujeira trazida pela cheia. Ela calcula um prejuízo semanal de R$ 600, atribuído a cada rede suja retirada do rio, que dificilmente é possível reutilizá-las.
Confirmando a baixa captura de peixes, o pescador profissional Valentin Mantovani, de 40 anos, brinca que o “rio não está para peixe” e que está Quaresma tem sido de dificuldades, muito diferente de outras épocas que já pescou. Para exemplificar a dimensão do problema, ele disse que saiu para pescar na quarta-feira (16), e voltou com 30 quilos a menos. Quantidade bem abaixo do esperado e, como não aumentou o valor da venda do pescado neste período o retorno financeiro tem sido baixo.
Para amenizar a diminuição da renda desses pescadores profissionais que fazem da atividade pesqueira um meio para o sustento familiar, o diretor presidente da Colônia de Pescadores Z-15 “José More”, Orisvaldo Barreto, disse que o Governo Federal tem ajudado estes profissionais com uma contribuição mensal de R$ 545. Além desse valor, Barreto afirmou que pretende encaminhar o pedido de cestas básicas para suplementar este ganho.
Sobre a diminuição dos peixes no rio, Barreto atribui a realidade a outro fator, o aumento considerável de pescadores amadores e a diminuição dos pescadores profissionais. Segundo ele, a maior concentração de cardumes de pescado na extensão do rio fica entre Panorama e Paulicéia devido à extremidade do rio nesse trecho.
CHEIA – De acordo com as últimas informações divulgadas pelo site oficial da Cesp, com o aumento das chuvas registrado nos últimos dias nas bacias dos rios Tietê e Paraná, a previsão é a ampliação da vazão nas usinas localizadas nessas duas bacias hidrográficas. A operação é coordenada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e está sendo seguida por todas as empresas que têm usinas nessas bacias. Os critérios são adotados para manter os níveis recomendados no Plano Anual de Prevenção de Cheias (PAPC) do Sistema Interligado Nacional (SIN).