Nada de pânico se, pela primeira vez, você vir seu filho inclinando os ombros para frente, numa postura meio corcunda. Mas se reparar que isso está se tornando um hábito, busque ajuda médica. Pode ser escoliose, doença passível de tratamento até o término do crescimento – por volta dos 18 anos. Depois, quando o problema se torna estável e incorrigível, os casos graves são tratados com cirurgia.

De acordo com o doutor Gilberto Anauate, chefe do departamento de ortopedia do Hospital Santa Paula, em São Paulo, muitas cirurgias poderiam ser evitadas se os pais prestassem um pouco mais de atenção à compleição física de seus filhos quando ainda estão em fase de crescimento. “A escoliose é uma das doenças que costumam passar despercebidas por algum tempo, principalmente durante a puberdade. Trata-se de um ‘desvio’ da coluna, podendo assumir o formato de um ‘S’ ou de um ‘C’, dependendo do tipo de curvatura”.

Na opinião do médico, mesmo que o fator hereditário seja predominante e que os casos que exigem intervenção cirúrgica sejam minoria, a escoliose deve começar a ser tratada tão logo seja diagnosticada. “Trata-se de um problema muito comum em crianças e adolescentes, acometendo mais as meninas. Exercícios físicos e RPG (Reeducação Postural Global) são muito importantes para ajudar a melhorar a escoliose, principalmente na faixa etária entre 11 e 15 anos.

O especialista dá uma dica para os pais identificarem o problema ainda no início: “Se você observar seu filho de costas e um ombro estiver sensivelmente mais elevado que o outro, já pode ser um indício. Para confirmar a suspeita, basta pedir para a criança, em pé, flexionar o tronco para frente, tentando alcançar os dedos dos pés com as mãos. Nesse momento, geralmente quem sofre de escoliose vai apresentar um lado mais alto que o outro”.

O tratamento da escoliose depende do tipo de curvatura, do tamanho e da idade, diz Anauate. “Apesar de ninguém se sentir bem tendo um lado do corpo mais alto que o outro, curvaturas muito pequenas são somente observadas. A pessoa convive muito bem com escolioses leves, mas na velhice podem trazer complicações como dores musculares ou hérnias de disco. Se for detectado aumento gradual da curvatura, poderá ser necessário usar coletes para deter o processo.

Se não obtivermos sucesso, daí sim indicamos a correção cirúrgica”.

De acordo com o médico, hoje a correção da escoliose pode ser realizada através de um procedimento cirúrgico de ponta: a toracoscopia. “Sendo uma cirurgia guiada por vídeo, implica em incisões mínimas e que permitem ao paciente voltar às atividades normais rapidamente”.

Fonte: Dr. Gilberto Anauate, médico ortopedista e Chefe do Departamento de Ortopedia do Hospital Santa Paula (SP) – www.santapaula.com.br