A três dias da chegada ao Brasil do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, os assessores que preparam a visita a Brasília e ao Rio de Janeiro confirmam que a viagem tem três focos: econômico, político e social. O viés econômico é estimulado pelo crescimento brasileiro, gerando possibilidades de parceria e cooperação, o político é causado pelo papel do país na América Latina e o social tem como base as questões comuns que unem os dois povos.
O presidente visita o Brasil com uma comitiva que reúne cerca de mil pessoas, entre assessores, seguranças, empresários e equipe de apoio. Obama traz ainda a mulher, Michelle, e as filhas Malia, de 10 anos, e Sasha, de 7. Enquanto o presidente estiver em compromissos de trabalho, a primeira-dama e as crianças terão uma agenda à parte, incluindo passeios no Jardim Botânico e Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.
Oficialmente, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, afirmou que Obama, na sua primeira visita à América Latina – ao Brasil, ao Chile e a El Salvador no período de 19 a 23 de março – vai tratar de uma “grande variedade de temas”. A relação inclui questões econômicas, a geração de emprego por meio da intensificação do comércio e das parcerias, a cooperação nas áreas de energia e segurança, os valores compartilhados e outros assuntos de importância regional e mundial.
Em Brasília, a lista de 15 a 20 acordos que serão assinados por Obama e a presidenta Dilma Rousseff estão sendo fechados. Os textos estão em fase final. Alguns são considerados menos polêmicos, como os que tratam de parcerias nas áreas de combate à discriminação de gênero e raça. Porém, os temas econômicos geram divergências, às vezes de ordem técnica ou jurídica.
Por dois momentos distintos em Brasília, Obama se reunirá com empresários. A iniciativa demonstra a relevância que o setor tem para os Estados Unidos, que passam por um momento delicado na sua economia. Inicialmente, o presidente participa do encerramento de um fórum de empresários organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
Em seguida, Obama discursa para cerca de 400 empresários que integram o Fórum Empresarial Brasil-Estados Unidos – organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Câmara de Comércio Americano (Amcham).
Em pauta, desde o uso de energias renováveis, como o etanol, até as oportunidades de investimentos em infraestrutura no Brasil. O objetivo é unir as iniciativas privada e pública. Os temas completam um acordo, a ser assinado por Obama e Dilma nesta visita, para a formalização de parcerias destinadas à divulgação da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016.
Para o almoço, no Itamaraty, onde são esperados 250 convidados, a presidenta quer reunir não só os ministros brasileiros e norte-americanos, mas também parlamentares, empresários, sindicalistas e representantes da sociedade civil.
A exemplo dos discursos que fez para grandes públicos – em Berlim, em 2008, e no Cairo, em 2009 -, Obama falará para a sociedade brasileira, com direito a telão e legendas em português. Será na Cinelândia, no centro do Rio. A família Obama, no Rio, terá tempo livre tanto pela manhã quanto à noite. Entre os compromissos, estão uma visita à comunidade Cidade de Deus, que motivou um filme em 2002 sobre o avanço do crime organizado, e um passeio em praia a ser definida.