Uma “epidemia de violência sexual e impunidade”. Assim a responsável pela organização não governamental (ONG) Madre, Lisa Davis, classificou hoje (25) o aumento do número de agressões a crianças, jovens e adultas em acampamentos de vítimas do terremoto ocorrido no Haiti em janeiro de 2010. A estimativa é que houve 465 casos de agressões sexuais nesses locais em 2010. De janeiro a fevereiro deste ano, foram registadas 90 denúncias.
De acordo com a cofundadora da ONG Kofaviv, Eramithe Delva, as mulheres que são agredidas não recebem atendimento de profissionais de saúde. Além disso, acrescentou, elas não dispõem de banheiros reservados nos acampamentos.
Em consequência do terremoto, mais de 800 mil haitianos vivem em acampamentos. Em dezembro, as Nações Unidas apelaram às autoridades do Haiti para que tomassem providências no combate à violência sexual contra mulheres, jovens e crianças.
Porém, o governo haitiano nega que isso esteja ocorrendo nos acampamentos na escala denunciada pelas organizações não governamentais.. A ministra para a Condição Feminina e os Direitos das Mulheres do Haiti, Natacha Clerge, disse que “não houve aumento significativo das violações”. Segundo ela, o governo haitiano tomou medidas para melhorar as condições de vida nessas áreas.
As organizações de defesa dos direitos das mulheres convidaram uma delegação do Comitê Internacional dos Direitos Humanos para visitar o Haiti e verificar as denúncias sobre os casos de agressão sexual.