Pesquisadores franceses e brasileiros estão reunidos num seminário até amanhã (5), no Rio de Janeiro, para celebrar dez anos de cooperação científica na área de aids e hepatites B e C, entre o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais e a Agência Nacional Francesa de Pesquisas sobre Aids e Hepatites Virais (ANRS).
Durante os dois dias serão apresentados resultados de pesquisas financiadas pela parceria, feitas por doutorandos e pós-doutorandos de ambos os países. Desde de 2001, foram produzidos 27 projetos de pesquisa em diversas áreas: epidemiologia, ciências sociais, economia da saúde, imunologia. A França já investiu o equivalente a 6 milhões de euros nos últimos dez anos. A contribuição do Brasil é sobretudo com passagens áreas e estadia para os estudantes.
O diretor adjunto do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Rui Burgos, explicou que os resultados dessa cooperação ficam evidentes com as pesquisas que vêm sendo implementadas, como a que deu origem a um recente ensaio clínico (pesquisa com humanos, etapa final) sobre o tratamento da coinfecção de HIV e tuberculose, comum entre soropositivos. “Os resultados têm sido incorporados na formulação de políticas públicas. Recentemente, o financiamento em ensaios clínicos é mais um esforço importante para o enfrentamento da epidemia.”
Bernard Larouzé, coordenador francês do sítio da ANRS- Brasil, lembrou que as jornadas científicas e simpósios temáticos ocorrem durante o ano, como forma de avaliar os projetos em curso e definir as perspectivas de pesquisa. Para ele, o principal objetivo da parceria é fazer com que as pesquisas tenham resultados práticos. “Temos conseguido estimular a inovação e diversificar os assuntos das pesquisas”, disse o pesquisador.
Para a assessora do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde Cristina Possas mais importante do que o financiamento da instituição francesa é a transferência de conhecimento. “A troca de experiências e ideias tem sido fundamental para o avanço das pesquisas.”
As instituições francesas Paris Dauphine, Paris Ouest e Aix Marseille estão entre as que participam da cooperação. Do outro lado, a Universidade de São Paulo (USP), a Fiocruz e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) representam o Brasil.
Dados do Boletim Epidemiológico Aids 2010 do Ministério da Saúde contabilizam 592.914 casos registrados desde 1980. A epidemia continua estável. A taxa de incidência oscila em torno de 20 casos de aids por grupo de 100 mil habitantes. O maior número de casos acumulados está concentrado na Região Sudeste (58%)
De 1999 a 2009, segundo o Ministério da Saúde, mais de 96 mil pessoas tiveram hepatite e mais da metade dos casos eram de indivíduos de 20 e 39 anos. Nesse mesmo período, foram identificados quase 61 mil casos de hepatite B, principalmente em pessoas que fizeram transfusão até a década de 80 ou indivíduos que compartilharam seringas. As maiores taxas de detecção da hepatite B, no período nesses dez anos, são observadas nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte. E, no caso da hepatite C, as maiores taxas de detecção estão no Sudeste e no Sul.