A cauda do Airbus A-330, onde ficam localizadas as caixas-pretas, que ia do Rio de Janeiro para Paris e caiu no Oceano Atlântico na noite de 31 de maio de 2009, com 228 pessoas a bordo, já foi encontrada. A informação foi confirmada pelo presidente da Associação das Famílias de Vítimas do Voo 447 da Air France, Nelson Faria Marinho. Segundo ele, a informação foi dada pelo Escritório de Investigação e Análises (BEA, na sigla que em francês), em reunião realizada ontem (11) em Paris.
Segundo Marinho, que já havia trazido da Europa um relatório com dados fornecidos por sindicatos, pilotos e especialistas que indicaria falhas da fabricante da aeronave e problemas de manutenção da Air France, o achado reforça as esperanças dos parentes das vítimas em saber as causas do acidente. Ele disse que a expectativa é de que em três semanas uma empresa americana especializada em resgates em grandes profundidades inicie o recolhimento dos destroços.
O representante das famílias das vítimas brasileiras reclamou da proibição, por parte das autoridades francesas, da presença de um diplomata indicado pelo governo brasileiro durante a reunião que discutia o andamento da operação de resgate. Além disso, o BEA, que quer sigilo e exclusividade nas buscas, não autorizou a presença de um observador brasileiro – solicitação feita pelas famílias brasileiras e garantida pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim – para acompanhar a etapa de retirada dos destroços e corpos encontrados a pouco mais de uma semana a 3.900 metros de profundidade.
Marinho disse que as autoridades francesas não acataram nenhuma das sugestões dadas pela associação brasileira das famílias das vítimas. Segundo ele, os franceses dizem que só analisarão os pleitos se vierem diretamento do governo brasileiro. “A Presidência da República e o Ministério da Defesa estão nos ajudando e, ainda ontem (11), passei e-mail comunicando o fato [de os franceses não acatarem as sugestões] a eles”, afirmou.
“Vou pedir audiência com a presidenta Dilma para tratar desses assuntos. Os familiares estão em dificuldades. Enquanto a Air France recebeu em quatro meses a indenização pela perda do avião, os familiares até hoje [dois anos depois do acidente] não receberam nem um centavo”, relatou Marinho.