A Polícia de Pedro Gomes, cidade do Mato Grosso do Sul, desmontou uma quadrilha que teria lesado o ex-deputado federal Paulo Lima (PMDB) em aproximadamente R$ 5 milhões com o roubo de gado e o desmatamento ilegal de sua fazenda para vender madeira. As informações são do site Edição de Notícias.
Na ação, a delegada Silvia Elaine Girardi dos Santos contou com apoio do Grupo Armado de Repressão a Roubos, Assaltos e Seqüestros (Garras) e de equipes da Polícia Civil de Pedro Gomes, Sonora e Presidente Prudente, assim como da Polícia Militar.
Dois integrantes da quadrilha já estão presos em Pedro Gomes. Entre eles está João Mustafá Neto, de 60 anos, que administrava as fazendas Santa Cristina e Sol Nascente, ambas em Pedro Gomes, que pertencem ao ex-deputado federal.
Outro envolvido, Manoel Antônio da Silva, de 39 anos, também está preso em Pedro Gomes. Um terceiro integrante da quadrilha, Maquielvis Lopes Grison, de 35 anos, conhecido como “Pequeno” está com a prisão temporária decretada, mas está foragido.
O crime
Segundo a polícia, o bando vinha furtando gado e extraindo madeira das fazendas há cerca de cinco anos. “No início de março, o Paulo Lima visitou as fazendas de Pedro Gomes, onde constatou algumas irregularidades”, explicou a delegada Silvia.
A principal irregularidade notada pelo ex-deputado era a divergência no número de gado, assim como desmatamento ilegal. Com isso, ele registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil.
Durante a investigação, as autoridades envolvidas descobriram que a quadrilha tinha furtado cerca de 1,7 mil cabeças de gado, dentre essas muitas cabeças de elite, conhecido como PO (Pura Origem). “Como se não bastasse, a quadrilha derrubou aproximadamente seis mil árvores e vendeu a madeira”, completou a delegada.
De acordo com ela, tanto o gado quanto a madeira foram comercializados pela quadrilha, sendo a maioria das cabeças vendidas para frigoríficos e a madeira para madeireiras. Todos os compradores também serão investigados.
A investigação aponta que o gado PO chegou a ser comercializado pelo preço da arroba do gado comum aos frigoríficos. Já a madeira era vendida por um preço inferior ao valor do mercado. Grande parte dos produtos furtados foi comercializada com notas “esquentadas”, de acordo com Silvia.
Na tentativa de encobrir o furto das cabeças de gado, o administrador da fazenda arrendou pastos para terceiros, sem autorização de Paulo Lima, que quando visitava as fazendas contabilizava todo o gado como sendo de sua propriedade.
A delegada informou que o gado nascido não era marcado, tão pouco contabilizado, para facilitar a venda às escuras. Outro detalhe apontado na investigação foi que o gado era vendido sem a devida nota fiscal das fazendas. Neste caso, a quadrilha pode ter usado nota fiscal de terceiros para conseguir a Guia de Transporte Animal (GTA) junto à Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro).
De posse dos mandados de busca e apreensão, assim como o de prisão, Silvia partiu para Presidente Prudente, onde apreendeu diversos documentos no apartamento do administrador das fazendas. Em seguida, João Mustafá Neto foi preso. As ações contaram com o apoio da polícia prudentina.
Silvia informa que a investigação deve se estender por mais alguns dias. Muitas pessoas e empresas devem ser investigadas e outras, além dos três citados, devem ser indiciados. Até o momento, a polícia contabiliza que Paulo Lima tenha sofrido um prejuízo aproximado de R$ 5 milhões. (Sheila Forato/Edição de Notícias)