Que quase todo mundo gosta de uma história de reis e rainhas, não é novidade. Haja vista o sucesso que fez no final dos anos 80 a trama “Que Rei Sou Eu?”, e “Cordel Encantado” tem tudo para repetir a fórmula, ainda mais que vai misturar os costumes da realeza europeia com o sertão brasileiro, tipo “Mandacaru”, novela da extinta Rede Manchete, a qual tinha sua trama centrada no nordeste.

A famosa literatura popular de cordel é a grande fonte de inspiração da próxima novela das seis, que substituirá “Araguaia”. Esses folhetos rústicos de rimas melodiosas e xilogravuras graciosas são recheados de histórias de amor e aventura e já fizeram muita gente se emocionar, se apaixonar, sonhar. É nesse mesmo clima, na cadência da viola e no recitar de belos versos, que “Cordel Encantado” estreia nesta segunda (11).

Como já dissemos, a trama tem como ponto de partida dois imaginários: as lendas heróicas do sertão nordestino e o encantamento da realeza europeia, ambos temas presentes nos poemas populares de cordel que tiveram origem na Europa da Idade Média. A união desses dois universos se traduz no romance do casal central formado por Açucena (Bianca Bin), uma cabocla brejeira criada por lavradores no nordeste do Brasil, sem saber que é a princesa de um reino europeu; e Jesuíno (Cauã Reymond), um jovem sertanejo que desconhece ser filho legítimo do cangaceiro mais famoso da região.

A nova novela tem autoria de Thelma Guedes e Duca Rachid e direção-geral de Amora Mautner.

No sertão do nordeste, o pregador Miguézim (Matheus Nachtergaele), santo para uns, mendigo e louco para outros, tem um sonho. Nele, uma bola de fogo aparece no céu em uma noite escura e cai na mata do sertão. O fogo se espalha e a devasta. De manhã, no meio das cinzas, a chuva faz brotar uma pequena e delicada flor vermelha: a açucena. Miguézim acredita ser o sonho uma profecia que aponta para um rei que surgirá no sertão, transformando tristeza em alegria e fome em fartura.

O mesmo sonho tem o monarca Augusto (Carmo Dalla Vecchia), do outro lado do Atlântico, na velha Europa, mais precisamente no reino de Seráfia do Norte. Ao acordar, angustiado, ele procura o conselheiro Amadeus (Zé Celso Martinez) para ajudá-lo a decifrar seu significado. O velho sábio lhe diz que o sonho representa uma longa viagem que Augusto fará ao hemisfério sul. Ele conta que nessa viagem haverá um conflito que o fará deixar por lá um bem preciosíssimo, mas que, graças a isso, esse lugar tão longínquo finalmente poderá conhecer a felicidade e a justiça.

Seráfia do Norte e Seráfia do Sul vivem em guerra há centenas de anos. A cisão entre os reinos ocorreu após uma revolução popular e, desde então, as duas nações vivem em um conflito que parece não ter fim.

Depois de mais uma terrível batalha, o rei de Seráfia do Sul, Teobaldo (Thiago Lacerda), é levado, entre a vida e a morte, para seu palácio, enquanto o rei Augusto, de Seráfia do Norte, volta correndo para conhecer sua primeira filha que acaba de vir à luz: a Princesa Aurora Catarina Ávila de Seráfia.

Os sinos dobram em Seráfia do Norte comemorando o nascimento, e Helena (Mariana Lima), a rainha de Seráfia do Sul, chega ao castelo de Seráfia do Norte. Ela está grávida e vem trazendo pela mão um filho de pouco mais de dois anos, o Príncipe Felipe (Jayme Matarazzo).

Revoltada com o estado de seu marido Teobaldo, gravemente ferido em combate, Helena maldiz a disputa pelo poder que há tantos séculos impede a paz dos povos de Seráfia. Em prantos, implora que Augusto dê um fim no tormento. Ele se comove diante da dor de Helena e propõe a Teobaldo, no leito de morte, que, após completarem a maioridade, seus primogênitos Aurora e Felipe se casem, unificando e trazendo paz aos dois reinos. Teobaldo aceita o acordo e morre logo depois. As duas crianças são apresentadas publicamente como os futuros reis de Seráfia.

E eis que Zenóbio Alfredo (Guilherme Fontes), botânico de Seráfia do Norte, que estava no Brasil envolvido com pesquisas científicas, chega trazendo notícias do tesouro escondido em terras tropicais pelo fundador do reino, Dom Serafim.

O botânico sugere ao rei Augusto que financie uma expedição para encontrar o tesouro. Augusto, amante das ciências e das aventuras, não só concorda como faz questão de liderar a empreitada. O rei não contava, porém, que sua esposa, Cristina (Alinne Moraes), resolvesse acompanhá-lo, levando a pequena Aurora.

A VILÃ DA TRAMA – Só quem realmente conhece Úrsula (Debora Bloch), cunhada do Rei Augusto, é Nicolau (Luiz Fernando Guimarães), o mordomo da corte de Seráfia. Ninguém além dele sabe que a bela, elegante e sofisticada duquesa é a pessoa mais perigosa e falsa de todo o reino.

E o principal: só ele sabe do maior desejo da vilã. Os dois são amantes, adoram o poder e, juntos, vão fazer de tudo para que Úrsula se torne rainha. E a viagem a Brogodó é a chance que a duquesa sempre quis para se livrar da Rainha Cristina e da princesinha.

Úrsula sempre foi desejada por todos os homens de Seráfia e chegou a ter um breve romance com Augusto, mas, trocada pela plebéia Cristina, acabou casando-se com Petrus (Felipe Camargo), irmão do rei, com quem teve Lady Carlota (Luana Martau). Inconformada, nunca desistiu de conquistar o trono de rainha e sempre pensou em uma maneira de se livrar do marido. A oportunidade chega com uma batalha entre os reinos de Seráfia do Sul e Seráfia do Norte, quando Úrsula prende Petrus em uma torre e coloca nele uma máscara de ferro para que, caso seja descoberto, ninguém o reconheça. Seu plano é executado com sucesso e ela mente a todos, anunciando a morte do marido na guerra.

Agora “viúva”, Úrsula só precisa dar fim na Rainha Cristina e na Princesa Aurora. Seus planos poderiam ter sucesso, se não fossem as confusões de Nicolau. Apesar delas, a sede de poder e riqueza da dupla de vilões não se abala: no Brasil, para onde se muda com a corte européia, o casal vai enfrentar as grandes figuras de Brogodó, sem medir esforços para conseguir o que quer.

O CANGAÇO – Em Brogodó, na calada da noite, Capitão Herculano (Domingos Montagner), o mais temido dos cangaceiros, leva em sua garupa Benvinda (Claudia Ohana), sua mulher, e seu filho de dois anos, Jesuíno (Cauã Reymond).  Ele planeja deixá-los em segurança num local que seus inimigos jamais suspeitarão. Herculano pede ao Coronel Januário (Reginaldo Faria), dono da maior fazenda da região, que receba o filho e a mulher em sua casa como se fossem parentes distantes. E, em troca, oferece proteção contra os adversários do coronel.

O compromisso é selado e o cangaceiro despede-se da família, mas, antes de ir embora, promete que, quando Jesuíno for homem feito, virá buscá-lo. Revoltada, Benvinda jura que nunca permitirá que o filho ingresse no cangaço para uma vida de violência, dor e sofrimento. Mas, mesmo à revelia de Benvinda, Herculano sabe que o destino do pequeno Jesuíno está traçado: ele é filho do rei do cangaço, herdeiro do pai; essa é sua sina e nada poderá mudá-la.

O ENREDO PRINCIPAL – Enquanto Rei Augusto lidera a expedição da corte a Brogodó, Nicolau descobre que Herculano, o mais temível cangaceiro da região, pretende roubar a comitiva. Ele conta para Úrsula que considera a ocasião perfeita para colocar em prática seu plano de se livrar da Rainha Cristina e da pequenina.

O tesouro finalmente é localizado e Herculano ataca a comitiva como previsto. Nicolau se aproveita da confusão e rouba a carroça com o tesouro, a rainha e a princesa, acusando os cangaceiros pelo desaparecimento de tudo e todas. Na escapada, porém, a roda da carroça quebra e Cristina vê a oportunidade de fugir. A Rainha Cristina consegue chegar à casa dos lavradores Euzébio (Enrique Diaz) e Virtuosa (Ana Cecília Costa), implora para que eles fiquem com sua filha a fim de evitar que a criança seja vítima de Úrsula, se despede e foge sozinha.

Nicolau vai atrás de Cristina e consegue capturá-la, mas demora a perceber que o bebê não está mais com ela. Os dois lutam numa carroça em movimento e esta cai num precipício. Nicolau se salva, mas Cristina não. O veículo voa pelos ares, levando consigo a Rainha de Seráfia e o tesouro.

Quando a luta do Rei Augusto e de seus homens contra os cangaceiros acaba, os bandoleiros fogem. Herculano volta sozinho para seu esconderijo e, no caminho, se depara com os destroços da carroça no fundo de um precipício. Ele encontra Cristina, que, à beira da morte, faz seu último pedido: que Herculano conte ao Rei Augusto de Seráfia a verdade sobre sua filha.

Após a batalha, o Rei Augusto procura a esposa e a filha, mas não as encontra. Já Zenóbio percebe o sumiço do tesouro. Conforme combinado com Úrsula, Nicolau mente para o rei, dizendo que viu cangaceiros fugindo com a rainha, a princesa e o tesouro em uma carroça. E para a duquesa Nicolau jura que conseguiu se livrar da rainha e da princesa.

O rei continua vasculhando a região à procura da esposa e da filha, em vão. Convencido de que as duas estão mortas, Augusto viaja de volta devastado ao reino – exatamente como seu sonho profetizara -, deixando no Brasil seu bem mais precioso: sua filha, a princesinha Aurora.

E assim começa a história de “Cordel Encantado”, resta saber se vai agradar. Isso, só o tempo dirá…