A bola rolando no gramado poucas vezes foi motivo de orgulho para os araçatubenses. Dentro de campo, apenas a Associação Esportiva de Araçatuba, a AEA, chegou a dar algumas alegrias, como os três títulos na Série A-2 de São Paulo, mas, afundada em crise, perdeu espaço e torcedores.

Em meio às ruínas do principal time do lugar, nasceu, através de uma iniciativa privada, um projeto diferente. Hoje, quase dez anos depois, o futebol saiu de cena. Com duas equipes fortes, ambas nas semifinais das Superligas masculina e feminina, o munícipio do interior paulista surge como referência no vôlei nacional através do Vôlei Futuro.

Com um grande investimento para esta temporada, o Vôlei Futuro atraiu nomes de peso, como Ricardinho e Leandro Vissotto, no masculino, e Paula Pequeno e Fabiana, no feminino. De quebra, trouxe para si ainda mais a torcida local, que adotou o esporte como principal paixão.

Ginásios lotados, torcedores com as camisas dos times pelas ruas e idolatria em relação aos jogadores. Como Franca no basquete, Araçatuba se fortalece como a “cidade do vôlei” no Brasil.

“Não foi a partir deste ano que a população daqui começou a apoiar o Vôlei Futuro. Desde o início do projeto, quando nós não éramos ninguém, quando não tínhamos jogadores com essa qualidade técnica, com esse renome, com essa repercussão mundial, eles já nos apoiavam, já enchiam os ginásios. Já havia uma identificação muito grande.

Eu lembro que há cinco anos um jornal daqui fez uma pesquisa e o time teve 96% de aprovação”, afirma Marcela Constantino, diretora do grupo e nome forte por trás do Vôlei Futuro.

Sem a concorrência do futebol – como é comum em outras locais de referência no vôlei -, Araçatuba se tornou nos últimos anos uma cidade voltada para as quadras. A estrutura também impressiona. Um ginásio com capacidade para 2.500 pessoas, onde são realizados os treinos das duas equipes; uma academia própria, com salas de fisioterapia; e um sítio, que serve de sede para a pré-temporada dos jogadores, ponto de recuperação dos lesionados, restaurante e área de lazer durante as folgas.

Foi justamente a estrutura do projeto – claro, aliada a uma boa proposta financeira – que conseguiu atrair astros do vôlei brasileiro para Araçatuba. O investimento tem dado retorno. Depois de um início cambaleante, os times chegaram pela primeira vez a uma semifinal de Superliga após cinco edições disputadas. Os homens perderam o primeiro jogo, fora, para o Cruzeiro, e tentam forçar o terceiro confronto com uma vitória neste sábado. Já as mulheres iniciam, na próxima semana, o duelo contra o Osasco.