A estabilidade observada na taxa de desemprego, entre os meses de março e abril, pode ser explicada pela criação insuficiente de postos de trabalho para atender à demanda de pessoas em busca em emprego. A avaliação é do gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), Cima Azeredo.
De acordo com dados divulgados hoje (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em abril, a taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas do país ficou em 6,4% – a menor para o mês desde 2002 – depois de ter registrado 6,5% em março.
“Já observamos uma tendência de aumento na população ocupada, mas esse aumento não foi ainda suficiente para atender o contingente de desocupados, que está em torno de 1,5 milhão [de pessoas]. Esse não aumento da população ocupada, não reduzindo consequentemente a desocupação, fez com que a taxa ficasse estável em abril”, explicou.
A comparação entre os dois meses revela que houve diminuição de apenas mil pessoas na população desocupada enquanto a população ocupada sofreu um aumento de 34 mil pessoas, números considerados estatisticamente estáveis pelo IBGE.
Em relação a 2010, o gerente da pesquisa destacou que o mercado de trabalho mostra um comportamento mais favorável. Além da queda de 0,9 ponto percentual na taxa de desocupação, o nível de ocupação, que representa o percentual de pessoas ocupadas entre a população em idade economicamente ativa, subiu para 53,4%, depois de registrar 52,9% em abril do ano passado.
A população ocupada, nesta mesma base de comparação, também aumentou 2,3%, com 492 mil pessoas a mais ocupando postos de trabalho. Por outro lado, houve queda de 10,1% entre os desocupados, o que representa 173 mil pessoas a menos procurando emprego.
Cimar Azeredo destacou, ainda, que houve melhora na qualidade do emprego, com a alta de 6,8% no número de trabalhadores com carteira assinada entre os meses de abril dos dois anos. Esse dado representa um incremento de 686 mil postos formais no mercado de trabalho.
Em relação a março, o emprego com carteira assinada no setor privado ficou estável, porém com tendência de alta. Entre março e abril, foram criados 64 mil postos formais. Em abril, os trabalhadores com carteira de trabalho assinada somaram 10,8 milhões de pessoas.
O técnico do IBGE ressaltou que o rendimento médio dos trabalhadores (R$ 1.540) teve incremento de 1,8% em abril na comparação com o mesmo período de 2010, mas recuou 1,8% em relação a março. De acordo com Azeredo, entre os dois meses, a diminuição foi puxada pela indústria (-3,1%), pelo comércio (-3,5%) e pelos serviços prestados às empresas (-4,8%).
Ele afirmou, no entanto, que, para explicar a perda no poder aquisitivo do trabalhador, no entanto, será preciso acompanhar os resultados nos próximos meses. “Vamos esperar os próximos resultados e ver se a queda vai persistir ou se é apenas um movimento pontual”, disse.