A presidente Dilma Rousseff desembarca hoje no Uruguai, a segunda menor nação da América Latina, que apresenta alguns indicadores que servem de exemplo para o Brasil e para os demais colegas da vizinhança. Na região, o país é o primeiro em qualidade de vida e em desenvolvimento humano (quando a desigualdade é considerada) e o segundo menos corrupto, só perdendo para o Chile, de acordo com a Transparência Internacional.

A permanência da presidente Dilma em Montevidéu, no entanto, será de menos de cinco horas. Ela desembarca por volta do meio dia, cumpre agenda oficial, com encontros e assinaturas de atos, e, às quatro e meia da tarde, retorna a Brasília. A viagem internacional, que chegou a ser cancelada duas vezes, é a primeira depois de um período de um mês em a presidente teve de se tratar de uma pneumonia dupla, e sinaliza para a retomada da agenda normal de atividades de Dilma.

Será uma visita de trabalho, com vistas a retomar a pauta de interesses comuns na área de infraestrutura de transportes e energia, que vão da construção da ponte do Rio Jaguarão aos planos de instalação de linhas de trasmissão elétrica.

O país que recebe Dilma exibe alguns índices relevantes. O pequeno Uruguai foi a primeira nação do mundo a oferecer laptop e internet grátis sem fio para cada criança do ensino primário. No país, a esperança de vida atinge 76 anos em média – 79, no caso das mulheres. E é governado por um presidente que é um símbolo.

José Mujica, eleito em 2009 pela coligação de centro-esquerda Frente Ampla, foi guerrilheiro na juventude, integrou o movimento tupamaro, que enfrentou a ditadura, praticou assaltos e sequestros, e amargou 14 anos na prisão, de onde só saiu em 1985, com a queda do regimeo. Consta que doe 70% do seu salário para o partido Frente Ampla e que o patrimônio em seu nome inclua somente um Fusca de 1987.

A colega, Dilma Rousseff, inseriu o Uruguai, parceiro fundador do Mercosul, nos seus planos desenvolvimentistas. Pretende fazer a nação sentir os efeitos do PAC – com investimentos em hidrovia, por exemplo. E quer que o país participe do processo de internacionalização da Eletrobrás, que promete investir um bilhão de reais por ano nas Américas. No Uruguai, a empresa começará a implantar no segundo semestre uma linha de transmissão de energia, integrando os dois países.

A aproximação do gigante e da “pérola latina” pode até mesmo resultar na adoção de uma moeda comum local para as trocas comerciais entre Brasil e Uruguai. O presidente Mojica, ainda na última visita a São Paulo, em março, anunciou que está próximo o acordo que permitirá a mudança, faltando a aprovação do Congresso brasileiro.