O Santos vivia dias de incerteza: em vias de ser eliminado da Taça Libertadores já na primeira fase e sem convencer muito no Paulistão. Em campo, um time confuso, irregular, instável emocionalmente e vulnerável. A diretoria, então, resolveu apostar alto. Trouxe Muricy Ramalho, tetracampeão brasileiro, que havia se demitido do Fluminense. Embora o treinador não acredite “nessas coisas”, foi como um passe de mágica.

Em 37 dias sob o comando de Muricy (ele foi contratado no dia 5 de abril e começou a trabalhar no dia 7), o Peixe passou por uma transformação. Se não tem mais um ataque avassalador como no ano passado, o Alvinegro pelo menos apresenta um desempenho defensivo exemplar. Marca menos gols, mas não toma tantos sustos. A última vez que o goleiro Rafael foi buscar uma bola no fundo das redes foi no dia 20 de abril, na vitória por 3 a 1 sobre o Deportivo Táchira-VEN, no Pacaembu, último jogo da fase de classificação da Taça Libertadores. De la para cá, são seis jogos sem sofrer gols.

E assim, de passo em passo, o time renasceu na competição continental e está a um empate da semifinal – disputa o jogo de volta das quartas, contra o Once Caldas-COL, na próxima quarta-feira, às 22h (Brasília) no Pacaembu. No Paulistão, arrancou no mata-mata. Despachou a Ponte Preta, nas quartas, o São Paulo, na semi, e, hoje, às 16h, na Vila Belmiro, encara o seu maior rival, o Corinthians, pelo bicampeonato. No jogo de ida, domingo passado, no Pacaembu, 0 a 0.

O treinador fala sobre essa transformação pela qual o Santos passou desde a sua chegada. Diz que não é mágico: apenas posicionou melhor o time, tirou a pilha dos jogadores, que andavam nervosos demais, e fez com que o elenco readquirisse confiança. O resultado se vê em campo.

“Não tem mágica nenhuma. Tem é um trabalho bem feito. E não é só depois da minha chegada. Eu peguei uma base muito boa que já foi montada lá atrás pelo Dorival (Júnior). Depois veio o Adilson (Batista) e o Marcelo (Martelotte).

Quando se pega a sequência de treinadores competentes, as coisas ficam mais simples. O que eu senti é que o time precisava se posicionar melhor. Fiz os jogadores entenderem que eles têm muita qualidade e que, com a bola nos pés, são excelentes. Ninguém duvida do que Neymar e Ganso, por exemplo, são capazes. Só que para jogarem, precisam da bola e para isso, têm de marcar. Hoje, a equipe é bem mais compacta, mas sem perder o poder ofensivo. O que mudou é que a gente já não sofre contra-ataques como antes”, disse Muricy Ramalho.