O navio que realizou a última operação de busca dos restos mortais das vítimas do acidente com o voo 447 da Air France chegou nesta quinta-feira à França.

O “Île de Sein”, uma embarcação de mais de 140 metros de comprimento encarregado da última operação de busca, atracou no começo da manhã no porto da cidade sob forte esquema de segurança, trazendo 104 corpos e destroços da aeronave, um Airbus modelo A330 da Air France. Autoridades francesas reservaram um píer afastado das áreas mais movimentadas do porto para evitar a presença de curiosos durante os trabalhos de descarga.O navio, que finalizou sua missão de rastreamento no oceano Atlântico no último dia 3 e fez escala nas Ilhas Canárias (Espanha) em seu retorno à França, levou a Bayonne três contêineres com destroços ao avião que caiu no mar e causou a morte de seus 228 ocupantes. Os corpos resgatados foram levados ao Instituto Médico Legal de Paris, onde passarão por perícia.

As peças da aeronave, por sua vez, irão a um hangar de Toulouse (sul da França), onde especialistas continuarão suas pesquisas sobre as causas do acidente.

Na quarta-feira, o secretário de Estado francês de Transportes, Thierry Mariani, recebeu membros do comitê de informação das famílias das vítimas do voo 447, além de responsáveis do órgão francês responsável pela investigação, o BEA.

Está previsto que ainda neste mês os investigadores divulguem um segundo relatório com explicações sobre os motivos do acidente, que ainda não foi esclarecido. Dados preliminares das investigações indicaram um congelamento dos tubos Pitot, responsáveis pela medição da velocidade da aeronave, como principal hipótese para a causa do acidente.

No final de maio deste ano, um relatório do BEA confirmou que os pilotos tiveram de lidar com indicações de velocidades incoerentes no painel da aeronave. Segundo os dados registrados, dois minutos e meio antes do acidente o comandante disse que não dispunha de “nenhuma indicação válida”.

Uma divergência nos leitores de velocidade fez com que o piloto automático se desligasse, e obrigou os pilotos a tomar decisões sem ter à disposição dados corretos do voo. A sequência dos fatos, relatada pelo BEA, indica que os motores funcionaram bem, e que o avião caiu no mar após três minutos e meio de queda livre.

Com a desativação do piloto automático, um dos copilotos assumiu o controle da aeronave – já que o comandante estava em intervalo para repouso – e decidiu elevar a parte dianteira do avião.

Por volta das 23h10, o alarme de perda de sustentação foi acionado mais uma vez. O comandante chegou à cabine menos de um minuto depois, mas pouco pôde fazer porque a partir desse momento todas as velocidades registradas não eram válidas, acrescentou o BEA, que informou que as explicações outorgadas pelos investigadores não são as conclusões definitivas do acidente.

Após tomar conhecimento dos dados, a Air France divulgou um comunicado no qual isentou os pilotos de culpa e apontou “uma avaria nas sondas de velocidade” como as causadoras do acidente.

A companhia está sendo processada judicialmente na França por homicídio involuntário, da mesma forma que a Airbus, que também culpou as sondas.