A epidemia de cólera no Haiti matou mais de 5.500 pessoas e infectou pelo menos 363 mil desde que surgiu no país em outubro, segundo dados oficiais do governo. Relatório publicado na edição de julho do jornal Doenças Infecciosas Emergentes, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, concluiu que a doença chegou ao país por meio de militares do Nepal que atuam na Missão de Paz das Nações Unidas (Minustah).

De acordo com o estudo, os homens do Nepal levaram a doença para a base onde estavam, na área próxima à cidade de Mirebalais, expandindo-se para outras regiões do Haiti, por meio dos canais de água do Rio Artibonite.

“As nossas pesquisas indicam que a contaminação do Rio Artibonite fez com que a epidemia, desencadeada em um acampamento militar, tenha se espalhado por meio de seus afluentes”, diz o relatório.

Para os especialistas, há uma relação direta entre a chegada do batalhão do Nepal, a epidemia de cólera e o surgimento dos primeiros casos no Rio Meille poucos dias depois. O difícil acesso ao Rio Meille, no centro do Haiti, e a ausência de outros fatores, como infraestrutura básica e condições de higiene, reforçam a tese dos médicos.

No início deste mês, organizações não governamentais informaram que estavam cuidando de 300 novos casos de cólera por dia – três vezes mais do que no outono, quando a doença atingiu o pico do surto. A epidemia se estendeu para a República Dominicana, onde foram registados 50 mortos desde novembro.