Um grupo de quatro ex-dirigentes Khmer Vermelho começa a ser julgado hoje (27) em Phnom Penh, capital do Camboja. O regime do Khmer Vermelho (1975-1979) foi um dos mais violentos no mundo apontado como responsável pelo massacre de 1,7 milhão de cambojanos. O processo, segundo especialistas, é considerado o mais importante desde o de Nuremberg, quando vários dirigentes nazistas foram julgados pelos crimes cometidos na 2ª Guerra Mundial.
O Khmer Vermelho defendia um novo sistema de engenharia política e social a partir da reforma agrária. Porém, na prática, foi responsável por levar milhares de pessoas à fome. Os ex-dirigentes são julgados no Tribunal Internacional de Phnom Penh, que conta com o apoio de integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU).
A expectativa, de acordo com especialistas, é que os quatro dirigentes sejam condenados à prisão perpétua, uma vez que a pena de morte foi abolida no Camboja. Os políticos são acusados de crime contra a humanidade e genocídio. Todos os denunciados têm mais de 80 anos e em processos anteriores declararam-se inocentes. No entanto, o processo de julgamento dos quatro ex-dirigentes pode levar anos.
O Khmer Vermelho atuava sob orientação do então líder comunista Pol Pot (1963-1979), que morreu oficialmente em decorrência de parada cardíaca aos 73 anos. Depois de 32 anos do fim do poder do regime, apenas um dirigente do Khmer Vermelho foi julgado e condenado pelo Tribunal Internacional: King Guek Eav, chamado de Dutch.
King Guek Eav, o Dutch, era o responsável pelo comando da prisão cambojana de Kampong Thom,
onde cerca de 17mil presos foram torturados e executado. Em 27 julho de 2010, ele foi condenado a 35 anos de prisão. Na ocasião, estava com 67 anos.