Queixa frequente dos empresários brasileiros, a questão das barreiras comerciais entre o Brasil e a Argentina continua em aberto. Os empresários reclamam que a entrada de seus produtos no país vizinho continua difícil e que a liberação dos produtos, que deve ser feita em até 60 dias, segundo determinação da Organização Mundial do Comércio (OMC), não tem sido cumprida.
O problema provocado pelo impasse comercial poderá ser tratado no encontro entre as presidentas do Brasil e da Argentina, Dilma Rousseff e Cristina Kirchner, previsto para os dias 10 e 11 de agosto, em Brasília.
Uma das reclamações vem da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), segundo a qual há máquinas agrícolas paradas nas aduanas. De acordo com a Anfavea, o entrave vem provocando quedas sucessivas na produção e nas vendas internas: a produção nacional caiu 7,2% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2010, e as vendas internas caíram 7,8% na mesma base de comparação.
A secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Tatiana Prazeres, reconhece o problema, mas o considera “pontual”, ou seja, nada que atrapalhe a relação bilateral entre os países parceiros de Mercosul. “Do jeito que está escrito nos jornais, parece que o comércio bilateral vive problema muito sério, mas isso não é a realidade”, disse Tatiana.
Segundo a secretaria, o problema tem sido monitorado de perto. “Seguimos em estado de alerta.” Além disso, Tatiana destacou que o “problema pontual” não tem afetado os números entre os parceiros comerciais. “O governo brasileiro mantém postura firme para garantir avanços. Não é interesse do nosso governo criar obstáculo em um comércio bilateral crescente”, afirmou.
No acumulado do ano, as exportações brasileiras cresceram 32,6%, com expansão de 33% nos embarques externos para a Argentina. De janeiro a junho, as vendas para o país vizinho somaram US$ 10,4 bilhões ante os US$ 7,9 bilhões no mesmo período de 2010.
Mesmo com saldo positivo na relação comercial, o problema do entrave nas aduanas argentinas tem afetado diversos segmentos. “Não houve nenhuma mudança na relação comercial dos dois países. Tudo continua muito crítico”, afirma a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).
O mesmo ocorre no segmento de calçados. O diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, confirma que o acordo não está sido cumprido. “O acordo não aconteceu. As mercadorias continuam presas. Temos produtos esperando liberação desde março”, reclamou Klein.
Atualmente, produtos de 600 setores estão fora da licença automática na Argentina.