Cerca de 30 mil metalúrgicos, segundo os sindicatos da categoria, participaram hoje (8) de uma manifestação em defesa da indústria nacional e dos empregos gerados pelo setor. Reunidos por mais de três horas na Via Anchieta, eles pediram ao governo federal medidas para proteger as empresas brasileiras e conter o aumento das importações.
O ato na rodovia foi organizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes. Também contou com a participação de integrantes dos sindicatos dos metalúrgicos de Guarulhos e de São Caetano.
“Não dá mais para admitir que os nossos portos fiquem escancarados”, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi, Miguel Torres, durante o ato político no encerramento da manifestação. “Não dá mais para admitir que o país não tenha uma política que preserve o produto nacional e preserve o nosso emprego.”
Para os sindicalistas, o país precisa proteger o mercado interno, com a taxa básica de juros e a valorização do real ante o dólar. Eles também querem que o governo dificulte a entrada de produtos vindos do exterior, elevando as alíquotas de impostos e tornando a fiscalização mais rigorosa.
“Este ato não é contra ninguém. Não é contra a China nem contra a Coréia”, assinalou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre. “É um ato em defesa da nossa indústria. Temos que fazer a mesma coisa que eles [os estrangeiros] fazem para proteger as empresas deles.”
Segundo o presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP),
o Brasil terminará o ano com déficit na balança comercial de produtos industrializados de mais de US$ 100 bilhões. Se os produtos importados fossem fabricados aqui, acrescentou, cerca de 1 milhão de empregos seriam criados a mais no país neste ano.
Na próxima quarta-feira, representantes das centrais sindicais vão se reunir com dirigentes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, para discutir a situação das empresas brasileiras. Os sindicalistas pretendem fechar com os empresários uma pauta conjunta de reivindicações que serão levadas ao governo federal.
Sérgio Nobre espera que a presidenta Dilma Rousseff receba os representantes dos trabalhadores para uma reunião. Caso isso não ocorra, adiantou, novas manifestações serão feitas em outras regiões do país.
“Queriam impedir essa manifestação, mas não conseguiram”, disse Nobre, referindo-se a liminar que impedia os manifestantes de ocuparem a Via Anchieta. “Se a manifestação de hoje não bastar, vamos ter que fazer novos atos.”