Um dia após ser surpreendida com a ocupação do prédio por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Via Campesina, a segurança do Ministério da Fazenda foi orientada a só permitir a entrada dos funcionários pelo prédio anexo. “Todos terão que entrar pelo prédio anexo até que os integrantes do MST deixem Brasília”, informou um dos agentes de segurança. A ordem partiu da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Administração (Spoa) do Ministério da Fazenda.

De acordo com informações do gabinete do ministro, “a medida é de precaução em função dos acontecimentos de ontem e em função também da ameaça de outras manifestações de mesma natureza no dia de hoje”. Por enquanto, o clima em frente ao ministério é de aparente tranquilidade. 

Ontem (23), depois de quase sete horas de ocupação, os manifestantes liberaram o acesso ao Ministério da Fazenda. Antes das 7h, eles tinham ocupado o saguão de entrada do prédio quando, segundo informações obtidas junta à segurança, havia apenas um agente na portaria central. Para os manifestantes, a ação foi a forma encontrada para pedir rapidez na execução da reforma agrária. Não houve, conforme a administração do edifício-sede do Ministério da Fazenda, danos ao patrimônio público.

Com faixas, cartazes, bandeiras e um carro de som, os trabalhadores rurais impediram a entrada dos servidores no ministério. Pelos cálculos da Polícia Militar do Distrito Federal, participaram da manifestação no Ministério da Fazenda cerca de 1,2 mil pessoas. Os manifestantes calculam de 3 mil a 4 mil.

O governo prometeu analisar até sexta-feira (26) as reivindicações. Ele querem uma solução para as dívidas dos assentamentos e de pequenos agricultores que somam hoje R$ 30 bilhões, segundo cálculos do MST, e o assentamento de cerca de 60 mil famílias acampadas.

Nesta quarta-feira, os trabalhadores rurais pretendem reunir cerca de 15 mil pessoas em uma marcha na Esplanada dos Ministérios. As mobilizações também vão ser realizadas em 20 estados, de acordo com o coordenador do MST e da Via Campesina, Valdir Misnerovicz.

“Esperamos um entendimento. Foram acertados até agora, com o ministro Gilberto Carvalho [chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República] as linhas gerais dos termos para negociação. Qualquer decisão sobre as manifestações de hoje, que reúne movimentos do campo e da cidade, será tomada ao longo do dia”, disse Misnerovicz