Mesmo com a crise global, desencadeada no fim de 2008 e que se estendeu pelo primeiro semestre do ano seguinte, o setor de serviços não financeiros registrou crescimento em 2009. Naquele ano, havia 918,2 mil empresas do ramo, mais do que as 879,7 mil observadas em 2008.
A receita líquida gerada por elas também aumentou, alcançando R$ 745,4 bilhões em 2009. Um ano antes, havia sido R$ 680,1 bilhões.
Naquele ano, as empresas do setor ocuparam 9,7 milhões de pessoas e pagaram R$ 143,5 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações. Um ano antes, havia 9,2 milhões de pessoas trabalhando nas empresas de serviços não financeiros, que foram responsáveis pelo pagamento de R$ 128,1 bilhões em salários.
Os dados fazem parte da Pesquisa Anual de Serviços (PAS 2009), divulgada hoje (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento traça uma radiografia do setor em 2009, com informações sobre a estrutura produtiva do segmento empresarial que integra os serviços não financeiros no país. Para fazer a pesquisa, foram investigados sete ramos do setor de serviços.
De acordo com o economista do IBGE Guilherme Telles, esse desempenho confirma que o setor foi menos prejudicado pela crise, já que não está tão exposto ao mercado externo.
“Em 2009, houve variação positiva em todos os indicadores. Esse retrato confirma o fato de que o setor de serviços sofreu menos as consequências da crise do que outras atividades econômicas notadamente ligadas à indústria exportadora. Os serviços são produzidos no Brasil e têm uma possibilidade de importação ou de exportação muito pequena. Os vários incentivos do governo para favorecer o consumo das famílias, como os programas de renda e a concessão de crédito, ajudaram o setor”, avaliou.
Conforme o levantamento, os serviços prestados às famílias, como hotéis e restaurantes, foram os que concentraram o maior número de negócios do setor em 2009, com 31,4% do total. Nesse segmento, os serviços de alimentação responderam pela maioria das empresas (64,9%) e foram responsáveis pela maior parte da receita operacional líquida (R$ 45,5 bilhões), do pessoal ocupado (1,27 milhões de pessoas) e da massa de salários, retiradas e outras remunerações (R$ 10,6 bilhões).
Já os serviços profissionais, administrativos e complementares, que engloba os do ramo técnico, aluguéis não imobiliários, seleção e agenciamento de mão de obra, operadoras de turismo e agências de viagem, entre outros, responderam pela maior parcela do pessoal ocupado (3,89 milhões de pessoas, ou 40,2% do total). A média foi 14 pessoas por empresa, com destaque para a atividade de seleção, agenciamento e locação de mão de obra, cuja média chegou a 137 trabalhadores por empresa. Os serviços profissionais, administrativos e complementares também lideraram a massa salarial (R$ 49,3 bilhões, ou 34,3%).
Em 2009, as empresas de serviços de informação e comunicação foram responsáveis pela maior parte da receita líquida do setor, tendo movimentado R$ 214,4 bilhões (28,8% do total). Nesse segmento, a atividade de tecnologia da informação foi a que reuniu o maior número de empresas (67,3%), de pessoas ocupadas (49,6%) e do total de salários, retiradas e outras remunerações (50,1%).