A elevação do dólar, que atingiu 17% em uma semana, traz o risco de endividamento das empresas, disse hoje (22) o administrador Armando Fonseca, presidente da Associação de Ex-Alunos do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“As empresas se acostumaram com o dólar baixo, muitas se alavancaram e fizeram investimentos dolarizados. Não há economia que suporte, em uma semana, uma puxada de dólar”, disse Fonseca à Agência Brasil. Ele acredita para as empresas que adquiriram bens de capital com o dólar a R$ 1,50 ou R$ 1,60 não vai ser fácil “fechar a conta”.
A consequência, avaliou o administrador, é a pressão sobre a inflação, a diminuição de dinheiro novo para o país, o mercado interno em desaquecimento e o desemprego. “O grande risco é chegarmos a dois dígitos de inflação este ano”.
O presidente da associação, contudo, é contrário ao controle do câmbio. Ele defendeu o regime de câmbio flutuante e uma adequação do mercado.
“Seria uma medida desastrosa [o controle do câmbio]. É o pior dos cenários, porque quebra a confiança dos investidores”. A saída, apontou, será o Banco Central usar suas reservas e vender moedas para forçar uma redução da taxa de câmbio.
Fonseca ressaltou que o mercado já vinha trabalhando com a expectativa de fechar o ano com o dólar até R$ 1,80. Mas avaliou que, se a cotação da moeda atingir R$ 2 ou superar esse valor, “a coisa foge de controle total”. Para ele, o Banco Central tem que trabalhar para evitar que o dólar ultrapasse o patamar de R$ 2 e haja fuga de capital para investimento.
As empresas favorecidas com o aumento do dólar são, principalmente, as exportadoras de commoditiesagrícolas e de mineração, que ganham com a taxa de câmbio mais alta.