Acusado de desvio de fundos e abuso de confiança no período em que foi prefeito de Paris (1976-1995), o ex-presidente francês Jacques Chirac, de 78 anos, é o primeiro chefe de Estado do país a ser julgado por um tribunal. O julgamento está marcado para ocorrer durante todo o dia de hoje (5). No entanto, Chirac não comparecerá à sessão, pois, segundo seus advogados, ele sofre de problemas neurológicos.
Chirac foi presidente da França de 1995 a 2007, depois de ser primeiro-ministro do país por dois períodos – de 1974 a 1976 e de 1986 a 1988. Ele é réu no processo que investiga desvio de fundos, abuso de confiança e conflito de interesses, facilitação na criação de empregos-fantasma na prefeitura de Paris, nos anos 90, e pagamento ilegal de salários para integrantes de seu partido.
Se condenado, Chirac pode ser condenado a dez anos de prisão e ao pagamento de 15 mil euros de multa (aproximadamente R$ 34,5 mil). O processo envolve ainda mais nove pessoas.
Em carta, os advogados de Chirac informaram que o ex-presidente está vulnerável e sem condições de comparecer ao julgamento por causa de problemas neurológicos. No entanto, na carta, o ex-presidente insistiu para ser julgado. Ele pediu para ser representado por seus advogados.
O Ministério Público informou que aceita o laudo médico fornecido pela defesa de Chirac. Mas a associação anticorrupção Anticor, que é parte do processo, quer que o tribunal solicite um laudo independente.
Nos últimos meses surgiram informações de que Chirac sofre do mal de Alzheimer – doença degenerativa que causa perda de várias habilidades, como o raciocínio e a memória, além de afetar o comportamento. A mulher do ex-presidente, Bernardette, negou que ele sofra da doença. Mas o genro disse que exigir a presença de Chirac no julgamento é indigno e desumano.
O presidente do tribunal vai analisar três opções: pedir outro laudo médico, aceitar que Chirac seja representado pelos advogados ou adiar o julgamento. O ex-presidente sempre negou a existência de um sistema organizado de empregos fictícios na prefeitura de Paris.