Policiais da Divisão de Homicídios realizaram na manhã de hoje (12) uma busca por armas no 7º batalhão, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O objetivo, segundo informou o delegado Felipe Ettore, titular da unidade, é identificar o armamento usado no assassinato da juíza Patrícia Acioli, morta há um mês ao chegar em casa em Piratininga, na região oceânica de Niterói.

Durante entrevista coletiva, na sede do Tribunal de Justiça do Rio, o delegado garantiu que as provas colhidas pela polícia até agora representam “elementos contundentes” da participação de pelo menos três policiais militares no crime.

Segundo ele, o tenente Daniel dos Santos Benitez Lopes e os cabos Sergio Costa Junior e Jefferson de Araujo Miranda achavam que não seriam presos se matassem a juíza. Eles já estavam sendo julgados por envolvimento no assassinato de um jovem, em junho, e tiveram a prisão decretada por Patrícia Acioli horas antes de ela ser morta.

“Eles receberam, pela advogada, a notícia de que seria decretada a prisão e a forma de impedir seria executando a vítima. Eles não sabiam que ela já tinha assinado a prisão e foram para a porta do fórum. De lá, seguiram a magistrada até a sua casa. Para onde quer que ela fosse, eles teriam que conseguir consumar o crime naquele dia”, disse.

O delegado acrescentou que como existem “indícios suficientes da participação dos três”, a Justiça decretou ontem (11) a prisão temporária deles para garantir que a investigação seja concluída, o que deve ocorrer em 30 dias. Os mandados de prisão foram expedidos pelo plantão judiciário de Niterói, na Região Metropolitana do Rio.

Ele também informou que as imagens do circuito de segurança do condomínio onde a juíza morava mostram que ela era seguida por uma moto com duas pessoas no dia do assassinato. Ettore destacou que, cerca de um mês antes, os agentes estiveram no local para fazer um levantamento da região e planejar a emboscada.

Segundo o presidente da Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj), Antônio César de Siqueira, eles usaram, para isso, um carro do 12º batalhão, em Niterói, que não possui GPS para evitar que a movimentação fosse identificada.

O presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Manoel Alberto Rebelo dos Santos, ressaltou que o crime não tem ligação com as ameaças que a juíza havia recebido anteriormente e disse que a presença de escolta talvez não fosse suficiente para evitar o assassinato.

“A escolta previne, mas não evita por completo. Independentemente da escolta, esses elementos decidiram naquele momento que iriam matá-la”, afirmou.

Também presente à coletiva de imprensa, o secretário estadual de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, acrescentou que é obrigação do estado é apurar. “O ideal seria que [o crime] não tivesse acontecido, mas em acontecendo, nós temos a obrigação de apurar.”