Turistas da região estão pensando duas vezes antes de fazerem as malas para viagens internacionais depois que o dólar passou de R$ 1,80 na última semana, patamar não visto desde junho do ano passado. Segundo analistas, a moeda poderá ter dificuldade de se sustentar em cotações tão altas nas próximas semanas se o cenário internacional não se deteriorar mais. Agências de turismo de Dracena e Tupi Paulista falaram como seus clientes reagiram à alta do dólar.

Na opinião de Francisco Ferraz Caldas, proprietário da Xik Tur, mesmo com os preços acessíveis da agência, houve impacto nas vendas de viagens à países do exterior e viagens de cruzeiros pela costa brasileira nas últimas duas semanas. “Não foi um impacto muito grande, mas teve”, comentou. Caldas lembra que houve caso de cliente desistir da viagem ao exterior temendo a instabilidade da moeda norte-americana.

Se existe uma alternativa para amenizar os ânimos dos turistas brasileiros, a recomendação do empresário é ter cautela neste momento devido às variações constantes do dólar.

Mesmo tendo EUA, Argentina e países da Europa, como prediletos no roteiro de viagens ao exterior, turistas da região têm em determinados casos procurado pacotes nacionais.

Já Valéria Bobadilha Bueno, proprietária da B2 Viagens e Turismo, disse que seus clientes têm comentado a alta, porém não deixaram de comprar por conta de viagens internacionais inadiáveis. Valéria comentou que clientes de cruzeiro ficaram meio receosos pelo fato do pacote de navio ser tabelado em dólar.

Luciano Gerlim da Silva, proprietário da Luciano Turismo, ainda não está sentido muito a alta do dólar porque começaram agora a preparar pacotes de viagens para o exterior, mas acredita no fator negativo desse sobe-e-desce da moeda americana. Ele também confirma o mesmo impacto nas viagens de cruzeiros relatadas pelas demais agências. “Estamos num momento sem saber ao certo o que vai acontecer”, comentou.

CENÁRIO ECONÔMICO

A expectativa média do mercado é que o nervosismo ceda – como ocorreu na sexta, quando a moeda americana já recuou 3,5% para R$ 1,829 – e que as cotações retomem a trajetória de baixa. O argumento é que não houve mudança significativa no fluxo de capital ao país. A maioria dos analistas, porém, errou feio ao descartar a recente alta do dólar.

Depois que o Banco Central surpreendeu reduzindo juros para 12%, bastou a situação piorar um pouco mais para o dólar saltar, em duas semanas, de R$ 1,65 para R$ 1,90.

Em uma semana a alta acumulada já chega a 5,5%; no mês, soma 14,8%. Nas casas de câmbio, o dólar turismo já chegou a ser vendido a R$ 2 na semana passada – na sexta, desceu para R$ 1,970. A mudança em tão poucos dias desafia o planejamento de turistas e de empresas.

PLANEJAMENTO

Diante da imprevisibilidade, a recomendação para quem tem compromissos em dólares ou vai viajar ao exterior é começar a comprar aos poucos a moeda americana em casos de viagens programadas para o final do ano.