O público da cidade e região poderá assistir à volta do grupo dracenense Com Licença, Vou à Luta esta semana. O espetáculo “O moço que casou com a mulher braba” será apresentado na sexta-feira (7) e no sábado (8) às 20h30, no Teatro Municipal Maestro Aécio de Féo Flora.
No elenco estão: Ilton Guedes, Rose Abelini, Nick, Zeny Benetti de Assis e Luiz Zaniboni, que também é diretor. Cido Aragão faz a iluminação e sonoplastia e Maria Medeiros é contra-regra.
Os ingressos podem ser adquiridos na Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo e na Loja Brasil a R$ 10 com cupom promocional (página 10), no Jornal Regional.
De acordo com Luiz Zaniboni a peça foi montada pelo grupo pela primeira vez na década de 90, com 20 atores, sendo que o espetáculo ganhou os palcos da Inglaterra. Agora sob uma nova roupagem e com menos personagens no palco, o que significa trabalho dobrado, Luiz explica que o grupo preferiu seguir a linha da primeira montagem trabalhando com a Commedia Dell’arte, gênero que surgiu na Itália no período do Renascimento, caracterizado pela atuação dos atores que trabalham com máscaras e roupas da época com o objetivo de fazer o povo rir por meio da crítica aos nobres.
HISTÓRIA – Luiz Zaniboni é um dos que está no Com Licença, Vou à Luta desde a primeira formação. Ele conta que a ideia de formar um grupo teatral na cidade surgiu durante as famosas gincanas anuais da antiga E. E. P. S. G. Moacir Simardi e coordenadas pelos professores: Edésio Zanatta, Zeny Benetti, Maria Yamakami, Mirtes Sampaio, Ana Marília Gardini, entre outros. “Incentivados a subir no palco e mostrar suas potencialidades artísticas, esses alunos começaram a notar que apresentar-se apenas nas gincanas era muito pouco, queriam mais, queriam se envolver no mundo do teatro”, diz.
Profissionais que já trabalhavam com teatro em Presidente Prudente – Paulo Neves, Fábio Nogueira e Milens Belonci – foram contratados para ministrar aulas de iniciação teatral. Em agosto de 1985 nascia a Cia. de Teatro Com Licença, Vou à Luta, inspirada um filme nacional e fundamentada no ideal de que para se fazer cultura é preciso lugar. Entre os “padrinhos” do grupo estavam Valdir Fruchi, Esmeralda Maria Lins e José Florentino.
A Cia. estreou em 1986 com o espetáculo “Achados & Perdidos” e participou de seu primeiro festival FETEPP – Festival de Teatro de Presidente Prudente. No currículo, ainda constam montagens Toda donzela tem um pai que é uma fera; Filme Triste; Narizinho no Reino das Águas Claras; Onde está o espião; Morte e Vida Severina, um dos maiores espetáculos com 30 atores em cena e direção de Moisés Miastkwosky de São Paulo; O burguês fidalgo, O moço que casou com a mulher braba, também com a direção de Moisés Miastkwosky e Uma Lição Longe Demais, que na época, ganhou a fase regional do Mapa Cultural Paulista e foi apresentado no teatro Sérgio Cardoso na capital paulista.
O auge do Com Licença, Vou à Luta foi em 1993, quando o dracenense Marco Aurélio da Silva, que morava em Londres, assiste à estreia da peça “O moço que casou com a mulher braba” e decide produzir o espetáculo em algumas cidades da Inglaterra. Com o apoio de várias pessoas e amigos, entre eles, Arcanjo Gonzáles e esposa Catarina (Medral) e Carlos Marques, o grupo realizou o sonho de se apresentar na Gran Gran Fiesta, Festival Latino Americano na cidade de Londres, no Bracknell Festival em Bracknell, no Rising Sun Institute na cidade de Reading. Permanecendo na Inglaterra por 15 dias.
Dessa época, Ilton Guedes, integrante desde os anos 80 e atual presidente do grupo, destaca as várias campanhas feitas para arrecadação de recursos, venda de doces e salgados na feira, festas, confraternizações, livro de ouro e a verba da Secretaria de Estado da Cultura, por meio de Carlos Marques. “Por fim, a participação importantíssima da Medral, através do Arcanjo Gonzáles e de sua esposa Catarina, que também doaram passagens para o grupo”, frisa.
No elenco daquela montagem estava Luiz Zaniboni, Ana Lucia Mioto (atual diretora de Cultura), Ilton Guedes, Rose Abelini, Luciana Lima, Conceição Aparecida Soares, Nivaldo Zanardi e Lobão.
Para Zeny Benetti, a Cia. já faz parte de sua vida. “São vários os aspectos que o Com Licença, Vou à Luta representa. Para Dracena, um deles é mostrar que temos talentos locais e que é preciso investir neles. O outro é que o grupo leva o nome de nossa cidade para várias regiões, e o mais importante é que através de seus espetáculos levou cultura para a população, visto que sempre escolhemos textos com muita responsabilidade”, explica. Zeny foi produtora, diretora, fotografou os locais das apresentações na Inglaterra. Também atuou na Secretaria Municipal de Cultura.
Ela ainda ressalta a orientação de Wander Ramos para que tudo fosse feito legalmente, no sentido de se formar uma associação, a colaboração do contador Luiz Murer, que durante todos esses anos faz a contabilidade do grupo gratuitamente e a ajuda de Bonfilho Antonio para os figurinos.
Zeny e Ilton lembram que os recursos para a primeira parte da construção do Teatro Municipal Maestro Aécio de Féo Flora foram obtidos por meio do grupo teatral. Ilton revela que Zeny, então, secretária municipal de Cultura e a diretoria do Com Licença, Vou à Luta elaboraram o projeto do prédio. “Por meio do ex-prefeito de Ouro Verde, Dema (Odemar Carvalho do Val), foi entregue ao deputado estadual Edson Aparecido dos Santos, que encaminhou ao ex-ministro das Comunicações, Sérgio Motta e a partir de então, e via Lei Rounett, a empresa de telefonia da época, Telesp, destinou valor para construção do prédio de teatro, daí, a participação efetiva do grupo na conquista da verba”, completa.
São muitas as histórias e as pessoas envolvidas na história da Cia. de Teatro Com Licença, Vou à Luta e não há como citá-las numa matéria. Mas, nesta sexta e sábado, a população dracenense poderá reviver e até mesmo conhecer o trabalho do grupo, que completou 25 anos em agosto.