A realização de reformas é fundamental para que o Brasil possa consolidar seus recentes sucessos na economia. A advertência consta de estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), lançado hoje (28), na sede da Fundação Getulio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro.
Apresentado por dois economistas da instituição, Anabelle Morougane e Jens Arnold, o estudo prevê que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ficará abaixo de 4% ao longo dos próximos dois anos. Embora inferior às taxas de crescimento potencial de 4,5% ao ano, a projeção fica bem acima da média estimada para os países que fazem parte da organização.
“Políticas sólidas têm ajudado o Brasil a enfrentar a crise econômica global, mas o que é mais notável é o progresso sem precedentes em matéria de metas sociais, incluindo a redução da pobreza e das desigualdades”, diz no documento o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría. O estudo, publicado a cada um ano e meio, reflete o ponto de vista dos atuais 34 países membros do organismo, do qual o Brasil não faz parte.
O relatório aponta como desafio macroeconômico mais imediato para o Brasil controlar a inflação, situada atualmente acima do teto do intervalo de 2,5% a 6,5% fixado pelo país, “sem exercer tensões inflacionistas nas taxas cambiais”. Medidas como as que restringem a entrada de capitais de curto prazo são consideradas na pesquisa “compreensíveis, dadas as incertezas que enfrenta a economia global”.
Na visão da OCDE, são bem-vindos os cortes em gastos anunciados no início do ano, e o governo brasileiro deve continuar nesse rumo. O documento também defende a manutenção e mesmo a ampliação do programa de transferência de renda Bolsa Família.
Entre as medidas propostas, a OCDE cita a reforma do sistema previdenciário, a redução da carga fiscal, políticas voltadas para a redução das taxas de juros e prioridade nos gastos com infraestrutura.
Criada em 1961 e sediada em Paris, a OCDE reune países comprometidos com os princípios da democracia representativa e da economia de livre mercado.