A comunidade da Rocinha, em São Conrado, na zona sul do Rio de Janeiro, tem um clima de aparente tranquilidade hoje (10), segundo moradores. Policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar permanecem no entorno da favela e revistam pessoas que entram na comunidade ou deixam o local.
Na parte baixa, próximo à Autoestrada Lagoa-Barra, o comércio está aberto e a movimentação é normal. A única escola estadual no interior da comunidade está aberta. Mas, segundo a Secretaria de Educação do estado, não houve aulas no turno da manhã porque os alunos não compareceram à instituição. A unidade vai fechar às 14h por causa do ponto facultativo para o ato contra a modificação na partilha dos royalties, convocado pelo governo fluminense, no centro.
A Secretaria Municipal de Educação informou que as quatro unidades na Rocinha – duas escolas e duas creches – estão fechadas, conforme cronograma definido anteriormente, porque os professores preparam uma ação comunitária que será promovida na próxima semana.
Para o presidente do Movimento Popular de Favelas, William de Oliveira, morador da Rocinha, a rotina é normal, mas os moradores estão apreensivos em relação à ocupação da comunidade pela polícia.
“O governo não informou os moradores sobre essa ocupação. Mas temos visto pela imprensa notícias sobre isso e ficamos apreensivos, aflitos sobre como isso vai acontecer. Esperamos que não haja confronto porque temos escolas e muitos espaços públicos na comunidade”, disse.
O representante do movimento social, que reúne mais de 700 favelas do estado, acrescentou que a implantação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) divide a opinião dos moradores.
“Somos uma comunidade com mais de 200 mil habitantes. Por isso, temos uma enorme diversidade de opiniões. Tudo o que sabemos, pelo que acompanhamos em outras comunidades já pacificadas, é que o governo cometeu erros e teve acertos. Pelo menos, vemos que esse é um programa que tem meta e orçamento do estado e vamos acompanhar para garantir que aqui tudo seja feito na forma da lei.”
Sobre a prisão, na madrugada de hoje de Antônio Bonfim Lopes, o Nem, apontado pela polícia como chefe do tráfico de drogas no local, Oliveira disse apenas esperar que ele “consiga se ressocializar”.
“O morador não participa do tráfico, só acompanha o que acontece. A gente percebia que isso [a prisão de Nem] iria acontecer um dia e torce para que ele cumpra a pena e se ressocialize”, disse.