O inquérito instaurado para apurar as causas e as responsabilidades sobre o vazamento na plataforma da Chevron, no Campo de Frade, na Bacia de Campos, há pouco mais de um mês, deve ser concluído e encaminhado à Justiça Federal na próxima semana. A informação foi dada hoje (15) pelo delegado Fábio Scliar, da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da Polícia Federal.
Segundo ele, foram ouvidas 30 pessoas, entre funcionários da petroleira, da Transocean, empresa contratada pela Chevron para realizar as perfurações, e de outras companhias terceirizadas.
“Ainda não esclarecemos perfeitamente o que aconteceu, mas já estou convencido de que a Chevron não tem um comportamento responsável com as atividades com que se comprometeu a atuar no Campo de Frade”, adiantou.
O delegado da PF ressaltou que não pedirá a prisão dos responsáveis, mas defendeu que sejam exigidas “indenizações altíssimas”.
“Não é o caso de pedir a prisão de nenhum envolvido. Acho que, nesse tipo de crime, a empresa deve ser obrigada a readequar a área às condições ambientais anteriores, se for possível, e pagar indenizações que pesem no bolso e que sejam capazes de fazer com que eles trabalhem direito”, argumentou.
Fábio Scliar disse que o valor de R$ 20 bilhões pedido pelo Ministério Público Federal em Campos pelos danos ambientais e sociais causados pelo vazamento “dá um indício do que é adequado”.
Segundo o delegado, as investigações apontam que a empresa atuava dentro dos limites de exploração concedidos, mas houve erro no planejamento do poço, que deixou de considerar aspectos capazes de causar uma pressão do reservatório superior à esperada.
“Eles desceram bombeando em um determinado nível de pressão e quando encontraram o reservatório a resposta foi com uma pressão muito maior do que a que eles esperavam. Com isso, há quase uma explosão lá embaixo e o óleo sobe com uma velocidade incrível”, explicou.
Ontem (14) a empresa comentou o assunto e, por meio de nota, declarou que desde o início do vazamento “respondeu de forma responsável ao incidente e atua com transparência com todas as autoridades brasileiras”. De acordo com a Chevron, “a fonte do óleo foi interrompida em quatro dias, e a empresa continua a progredir significativamente na contenção de qualquer afloramento de óleo residual”. Ela ressalta que “continua a combater a mancha de óleo na superfície, cujo volume hoje é de menos de um barril”. “Não houve impactos na costa brasileira ou na vida marinha”, destaca a empresa no comunicado.