Entre os 3 e 5 anos de idade, ela se vestia de Mulher Maravilha e carregava, debaixo do braço, um som portátil. O alvo? Seus vizinhos na cidade de Araruama, no Rio de Janeiro. Na ocasião, Suzana Pires, hoje com 35 anos – a jornalista e vilã Marcela, da novela das 9 Fina Estampa – apresentava seu show, ou melhor, sua imitação da super-heroína dos HQs e dos desenhos animados. “Suzana, o que você quer ser quando crescer?”, perguntava sua “plateia”. “Atriz”, respondia.
A forma atenta como a garota assistia às novelas e comentava o desempenho de atrizes como Gloria Pires, em Vale Tudo (1988), já dava indícios de que aquela brincadeira poderia render bons frutos no futuro. A família, a princípio, não se importou com isso e Suzana teve uma infância comum. Dos 8 aos 14 anos, foi ginasta, mas, aos 15, comunicou à família que a brincadeira de querer ser atriz iria se tornar realidade.
Suzana passou a se aprimorar com gente experiente, como a preparadora de elenco Fátima Toledo, dos filmes Central do Brasil (1998) e Tropa de Elite (2007), e foi aprender a fazer teatro com Camilla Amado, no Tablado. Apesar de admirar o universo da TV, foi no teatro que arquitetou sua trajetória. Em 1998, chamou a amiga Maria Maya, filha do diretor Wolf Maya, com quem frequentava os shoppings da Barra da Tijuca, para produzir junto com ela o espetáculo Do Outro Lado da Tarde.
Desde então, ela não parou. Acumulou mais dez peças, incluindo Bodas de Sangue (2002), na qual foi vista – e aplaudida – por Fernanda Montenegro. “Ela foi assistir e, no final, falou comigo. Eu não conseguia falar nada (risos). Só olhava e pensava: “Não acredito que ela saiu de casa para me ver”, lembra a atriz.
Cada vez mais, Suzana foi conquistando respeito no meio e, em 2007, depois de receber convites de preparadores da Globo para ingressar nas novelas, disse ‘sim’ à proposta do novelista Walcyr Carrasco para a novela Caras & Bocas – na época, ela protagonizava o espetáculo Toalete, também de Carrasco.
A entrada na TV
Até então, a atriz já havia feito pontas nas séries A Grande Família (2007), Toma Lá, Dá Cá (2008), Faça Sua História (2008), Casos e Acasos (2008) e Ó Pai Ó (2008). A insistência para integrar os folhetins, porém, valeu a pena. A baiana Ivonete, vivida por Suzana em Caras & Bocas (2009), caiu nas graças do público e o “estou virada no cão”, bordão da personagem, passou a ser dito até em Portugal. “Eu estava lá divulgando Araguaia (novela de 2010), e as pessoas ainda me perguntavam do Fabiano (Fábio Lago) e da Ivonete”, conta. Hoje, são as maldades da jornalista Marcela que animam os telespectadores. “Todo mundo me pergunta: ‘Q que você vai aprontar agora?’. A atriz, que também se formou em Filosofia, se orgulha do carinho. “Que bom que está dando certo na TV, porque eu nunca tive um plano B. Se eu tivesse, não teria feito Filosofia e, sim, Economia (risos).”
Em resposta às pessoas que a acompanham em Fina Estampa, Suzana conta que Marcela – assassinada por Tereza Cristina (Christiane Torloni) em um hospital – retornará das cinzas. No capítulo de hoje, Tereza Cristina revelará o crime para o empregado Crô (Marcelo Serrado) e, em breve, deve voltar a ser chantageada por Marcela. Afinal, a jornalista sabe de um grande segredo da milionária.
Há quem acredite que, no passado, a dondoca foi prostituta. Suzana, no entanto, ainda tem dúvidas sobre o segredo e aguarda notícias do seu futuro na trama. “O Aguinaldo (Silva, autor) não me disse nada, mas eu li no Twitter dele que a Marcela voltará. Viva, morta ou fantasma, estou na novela (risos)”, comemora Suzana, que vem se divertindo com as cenas feitas com Christiane Torloni. “Na cena do travesseiro (em que Marcela foi ‘morta’), até tivemos um ataque de riso.”
Enquanto aguarda os próximos capítulos, a atriz se dedica ao roteiro do humorístico Os Caras de Pau. Em janeiro, ela reestreia a peça De Perto, Ela Não é Normal, que há 5 anos roda o Brasil. Já em 2013, será colaboradora do novelista Walther Negrão em uma trama das 6. E a novela solo? “Calma! Vou devagar, mas vou conciliar as duas funções: atriz e autora.”