Caminhoneiros parados em trechos da BR-393, no município de Sapucaia, na região centro-sul fluminense, reclamam da demora na liberação do tráfego na rodovia. A estrada, que liga o Rio ao Espírito Santo, está interditada desde segunda-feira (9) entre os municípios de Três Rios e Além Paraíba. Metade da pista cedeu no km 123, deixando os motoristas encurralados.
Há três dias parados em postos de gasolinas à beira da estrada, sem ter como prosseguir a viagem, o grupo, de pelo menos dez caminhoneiros, quer que concessionárias administradoras de rodovias no Rio liberem a cobrança de pedágios e pedem ajuda da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Para dar a volta e retomar o trajeto desejado, os motoristas estimam o pagamento de pelo menos mais nove pedágios.
“Estamos aqui jogados”, disse um dos caminhoneiros, que não quis se identificar. Há dois dias com dores fortes nas costas, ele reclamou que não tem como abandonar a carreta com 13 toneladas de tijolo refratário – carga que vai para uma siderúrgica no Espírito Santo – para consultar um médico. Sem sinal de telefone celular, os caminhoneiros também não tem notícias dos reparos na pista.
Os motoristas também reclamam que a concessionária que administra a BR-393, a Acciona Concessões não tem dado informações ou qualquer auxílio. O serviço de telefone gratuito não funciona e os fiscais que controlam o acesso aos trechos interditados não têm nenhum tipo de comunicação com a sede. A concessionária não respondeu à Agência Brasil.
Vindo de Arroio Grande (RS), com uma carga de 31,5 toneladas de arroz, o caminhoneiro João Batista, de 65 anos, conta que a concessionária só começou a impedir a passagem dos caminhões pela praça do pedágio depois de muita reclamação. “Deixaram a gente passar para cobrar o pedágio, mesmo com a interdição. Aí, ficamos presos aqui, só deixam voltar se a gente pagar”, contou.
O caminhoneiro Juvenildo Laurêncio, de 50 anos, também denuncia que a concessionária não está fazendo nenhum reparo na pista e não há fiscalização da ANTT no local. “Pagamos para usar a estrada e eles não estão consertando nada para liberar o trânsito e facilitar nossa vida”, disse. “O dinheiro que tenho está acabando e não tenho nem para voltar”, reclamou.
O grupo, que também transporta toneladas de chapa de ferro, está dividido entre os dois postos de gasolina próximos ao km 122, onde somente caminhões da Defesa Civil, carros oficiais, da concessionária ou da imprensa podem passar. O trecho dá acesso ao distrito de Jamapará, em Sapucaia, onde um deslizamento de terra atingiu nove casas, matando ao menos 13 pessoas.
Ontem (10), a Polícia Rodoviária Federal emitiu um comunicado pedindo que os motoristas evitem trafegar pela BR-393, que está com a maior parte do trecho comprometida.
Em nota publicada no site, a ANTT disse que a Acciona começou um plano de ação operacional para sinalizar os pontos críticos e remover as barreiras que caíram na segunda-feira (9). A previsão é que os trabalhos de recuperação se estendam até o final do mês.