O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, comparou a reintegração de posse da área ocupada pela comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), à ação policial contra militantes do MST durante a ocupação da Cutrale em 2009.
Desde domingo (23), a área vem sendo alvo de ações da Polícia Militar de São Paulo para a reintegração de posse. Cerca de 1,8 mil homens da PM foram acionados para retirar as 9 mil pessoas que viviam há sete anos na área. O terreno integra a massa falida da empresa Selecta, do investidor Naji Nahas. O episódio foi marcado por cenas de violência contra os moradores.
Em 2009, trabalhadores rurais ligados ao MST ocuparam a Fazenda Capim, utilizada pela Cutrale para a monocultura de laranja. O MST acusava a empresa de grilagem. Na ocasião, nove militantes foram presos e famílias de assentados foram ameaçadas pela polícia em acampamentos.
“Essa situação do Pinheirinho é uma vergonha, que está deixando toda a população brasileira indignada. Armaram uma arapuca para dar a lição de que pobre não tem direito a lutar. Fizeram isso contra nós naquele episódio da Cutrale, numa situação também ilegal, porque a área era grilada pela Cutrale, está registrada em cartório como da União”, lembrou hoje (25), antes de participar de uma atividade do Fórum Social Temático (FST).
Stédile disse que os dois episódios estão ligados à visão patrimonialista de parte da elite brasileira, que influencia decisões de alguns governos, que, segundo ele, contrariam a Constituição ao priorizar a propriedade privada em detrimento de direitos fundamentais.
“As elites só pensam em patrimônio, mas não é isso o que diz a nossa Constituição. O primeiro direito que deve ser preservado é a vida das pessoas, e o segundo é o direito as condições de sobrevivência, ou seja, trabalho, moradia, educação e saúde. Depois é que vem o direito de propriedade, vários capítulos adiante”, comparou.
A situação dos moradores do Pinheirinho também foi lembrada ontem (24) no FST durante a marcha de abertura do evento. Além de faixas de protesto contra a violência policial na desocupação, manifestantes usavam adesivos com o slogan “Somos todos Pinheirinho”.
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