O programa de Pronto Atendimento Psicológico (PAP) do curso de Psicologia da Unifadra, mantida pela Fundec, na Delegacia de Defesa da Mulher de Dracena (DDM) prestou 370 atendimentos por meio de boletins de ocorrência registrados desde sua implantação no segundo semestre de 2008 até o final do ano passado. O objetivo é atender as vítimas de violência doméstica da comunidade, oferecendo acolhimento e orientações psicológicas.
Os dados foram apresentados em levantamento feito pelos professores Donizete Zequine, coordenador do curso, e Cláudia Parra, coordenadora de estágios, e estagiários Lucilene Regatieri Caravante (monitora no ano passado), Isabel da Silva Utumi, Josiane Possebão, Joice Shirmer Lupatini (atual monitora) e Cláudio Antonio do Nascimento. É importante ressaltar que os números se referem aos boletins de ocorrência registrados desde a implantação do PAP, uma vez que as vítimas que não querem registrar BO ou que retiram a queixa também procuram pelos serviços do projeto.
Os alunos do 6º termo de Psicologia atendem agredidos e agressores na DDM sempre supervisionados por um professor. Quando o boletim de ocorrência é registrado, este é passado para os estagiários de plantão que convidam as partes envolvidas no conflito para atendimento no próprio local com hora marcada. São promovidos até quatro encontros para cada caso e se necessário é feito encaminhamento para a clínica psicológica da Unifadra.
Nos atendimentos prestados, as situações mais frequentes encontradas foram: lesão corporal pelos companheiros (agressão física); ameaças (do parceiro); conflitos familiares; conflitos em escolas; drogas; alcoolismo; separação; agressão verbal; difamação; injúrias; conflitos com vizinho; assédio; abuso sexual (estupro) ou tentativa; perturbação da tranquilidade; pedido de ajuda para resolver situações conflitantes; atentado ao pudor; conflitos com a guarda da criança e abandono do lar (marido). As mulheres são as mais atendidas pelo programa.
Os alunos e os professores também comentaram que há casos de idosos agredidos pelos familiares ou que são obrigados a entregar as aposentadorias. Ainda contaram que a maioria dos atendidos agradece muito a oportunidade de poder falar sobre seus problemas, mas o medo e a angústia por terem denunciado os agressores são sentimentos constantes.
Em relação às crianças vítimas de violência, em alguns casos, pode-se observar mudanças no comportamento como excesso de agressividade, distração ou isolamento.
Lembrando que, apesar de em menor proporção ou de conhecimento dos pais/responsáveis ou autoridades, os meninos também podem sofrer algum tipo de abuso. Por isso, a importância do diálogo e da convivência entre pais e filhos.
Todos ressaltaram que a violência doméstica está presente em todas as classes sociais e níveis de escolaridade.
Cláudia Parra pontuou que as vítimas de violência não são apenas os agredidos, mas também os agressores. A psicóloga considerou que na maioria das vezes, as pessoas estão inseridas num contexto de violência de maneira que se habituam a essa situação sem perceber que isso não deve ser comum. “Elas não reconhecem outra realidade que não esteja relacionada à violência, têm dúvidas se o que estão vivendo é uma violência ou não. São vítimas da banalização”, disse. Também ressaltou o papel dos grupos de conscientização, de reflexão na busca por ajuda, e consequente autonomia.
Os estagiários contaram sobre a satisfação de poder ajudar a comunidade aliada à vivência da prática profissional.
O coordenador do curso, Donizete Zequine, destacou as oportunidades de estágios oferecidas para os estudantes a fim de que coloquem em prática os conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula e agradeceu a parceria com a DDM.
PRÊMIO – Os alunos do curso de Psicologia da Unifadra foram classificados e premiados como as melhores práticas sociais no concurso “Cidadania Sem Fronteiras”, do Instituto de Cidadania do Brasil com o programa de Pronto Atendimento Psicológico em 2008. O concurso contou com a participação de diversas instituições de ensino do país em diversas categorias
