Em funcionamento há um ano no Hospital Estadual Carlos Chagas (HECC), a Unidade do Programa de Obesidade (UPO) da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, desenvolvida em parceria com o Instituto Achiles, contabiliza 240 pacientes operados gratuitamente.
“Já atendemos 36 municípios. Somente na cidade do Rio de Janeiro, já foram 55 bairros beneficiados pelo programa”, disse hoje (25), à Agência Brasil, o presidente do Instituto Achiles, Cid Pitombo. Em toda a rede de hospitais federais, foram operados 16 doentes, em 2011, contra 216 no programa do governo fluminense.
O objetivo da UPO é operar pacientes portadores de obesidade mórbida. Atualmente, são operados 20 pacientes por mês. Pitombo revelou, contudo, que a meta é, a partir de 2012, elevar o número de operações para 30 mensais. “Isso deve aumentar o volume cirúrgico para 300 pacientes por ano”, estimou.
Segundo Pitombo, o estado do Rio de Janeiro tem o único serviço do país que faz esse tipo de cirurgia dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) por videolaparoscopia. Esse procedimento torna a cirurgia menos invasiva, permite ao paciente voltar mais rapidamente às atividades de trabalho e diminui a incidência de complicações pós-operatórias.
“No ano passado, todos os pacientes ficaram apenas dois dias internados e a gente não teve nenhuma complicação”, afirmou. Também não houve necessidade de utilização do Centro de Terapia Intensiva para Obesos (CTI), nem do tomógrafo.
O programa prevê o acompanhamento do paciente pelo prazo mínimo de dois anos após a cirurgia, por uma equipe multiprofissional, integrada por médicos, enfermeiros, psicólogos e nutricionistas.
Pitombo esclareceu que qualquer unidade pública de saúde do estado pode indicar a cirurgia bariátrica pelo sistema de videolaparoscopia. Nesse caso, o médico faz o encaminhamento do paciente à Central de Regulação do Estado, que o remete, por sua vez, ao Instituto Achiles, que marca a consulta.
De acordo com resolução do Ministério da Saúde e do Conselho Federal de Medicina (CFM), podem ser operados para redução do estômago pacientes entre 18 e 65 anos e que tenham um índice de massa corporal acima de 40. Esse índice é obtido dividindo-se o peso pela altura da pessoa multiplicado ao quadrado. “Se passar de 40, a princípio, esse paciente tem indicação de cirurgia”.
Problemas cardíacos podem ser um impeditivo à operação, destacou Pitombo. Nesse caso, o paciente terá que perder peso e regularizar o quadro cardiológico para se candidatar à cirurgia. Já problemas como diabete e pressão alta não impedem que o obeso seja operado. “A maior parte é portadora de diabetes ou pré-diabetes. É até uma boa indicação quando o paciente é obeso e diabético, porque essa cirurgia tem grande efeito na melhora da diabete dos pacientes em geral”.
Na segunda etapa do programa de cirurgia bariátrica, os pacientes estão sendo submetidos, agora, a cirurgias plásticas para a remoção do excesso de pele depois da operação para redução do estômago. A cirurgia plástica, no entanto, só pode ser feita pelo menos um ano e meio depois a operação para redução do estômago.
A administradora Fernanda Wanick, de 33 anos, foi uma das primeiras pacientes operadas no âmbito do programa. Ela perdeu 42 dos 119 quilos que tinha antes da cirurgia. “Hoje, voltei a ter os prazeres que tinha deixado para trás, como fazer compras e ir à praia”, disse.