Quem se deu bem?

Google, Apple, Facebook e Amazon: quatro empresas de origem diferentes, mas com negócios que cada vez mais se confundem. Eric Schmidt, do Google, os chamou de “camarilha dos quatro”: os quatros titãs que estão de olho no topo das empresas de tecnologia.

Microsoft. A empresa investiu pesado. Firmou uma parceria com a Nokia para alavancar seu Windows Phone 7, concorrente direto do iPhone e Android mais modernos – e deu certo. O celular mostrou um sistema operacional honesto e muito superior às suas versões anteriores. Mais: a empresa anunciou a compra do Skype. Pagou US$ 8,5 bilhões pelo serviço, o mais popular programa de voz e vídeo sobre IP da interne. O Skype, assim, repetiu o papel em que esteve quando passou para as mãos do eBay, em 2006.No ano passado, a renda total do Skype foi de US$ 860 milhões, quantia que tem tudo para ser multiplicada com a infraestrutura oferecida tanto pela Microsoft quanto pela Nokia.

Zynga. O que surgiu como uma pequena produtora de joguinhos para o Facebook virou candidata a próxima estrela do Vale do Silício. A empresa lucrou US$ 235 milhões nos primeiros três meses deste ano. Em 2010, foram US$ 598 milhões, 391% a mais do que em 2009, e lucro de US$ 90 milhões.

Manhattan. Nova York se firma como um novo pólo tecnológico. A cidade já é a terceira região nos EUA que mais recebe investimentos de risco – os chamados fundos de venture capital, que financiam principalmente empresas de internet e tecnologia. E o posto já rendeu à cidade de 19,3 milhões de habitantes o apelido de Silicon Alley (Beco do Silício), em referência ao Silicon Valley (Vale do Silício) e aos becos nova-iorquinos. No primeiro semestre, empresas da região metropolitana de Nova York receberam US$ 1,23 bilhão (R$ 2,13 bilhões) em investimentos de risco. Esse fluxo de dinheiro é maior do que a metade das aplicações durante todo o ano de 2010 (US$ 1,995 bilhão). O Tumblr, de David Karp, é uma das empresas que se estabeleceram neste novo centro tecnológico.

Quem se deu mal?

MySpace. A rede social está agonizando. Em janeiro a empresa anunciou o corte de 500 dos quase 1.100 funcionários. Foi o corte mais drástico já feito em seus quadros. O site, que já foi a maior rede social do mundo mas não conseguiu acompanhar a ascensão do Facebook, foi vendido no meio do ano – deixou de pertencer à News Corp. de Rupert Murdoch para ser controlado pela empresa de publicidade online Specific Media, por US$ 35 milhões. Segundo a comScore, o site tinha 54,4 milhões de usuários no final de novembro, depois de perder mais de 9 milhões deles em relação a 2009. “O MySpace era uma grande festa, mas a festa mudou de lugar”, disse Michael J. Wolf, ex-presidente da MTV Networks da Viacom.

Research In Motion (RIM). Enfrentando uma concorrência cada vez mais dura do iPhone e Android, a empresa enfrentou uma série de problemas técnicos que fizeram sua rede sair do ar. Uma reportagem publicada no Link acompanhou os bastidores da empresa na semana mais tensa de sua história. Seu tablet, o PlayBook, foi um fracasso. A RIM ainda teve uma queda de 27% no lucro trimestral. O ano terminou ainda com uma especulação: Microsoft e Nokia estariam negociando uma possível compra da empresa canadense. Ah: como se não bastasse tudo isso, a empresa ainda foi a pior no ranking de empresas de tecnologia do Greenpeace.

Sony. A empresa sofreu um sério ataque hacker em abril, que expôs dados de 100 milhões de membros da PlayStation Network. 93 mil contas foram bloqueadas. O Anonymous, que havia ameaçado a Sony, mais tarde negou a autoria do ataque. Os usuários ficaram sem saber exatamente o que é que estava acontecendo com a rede por pelo menos cinco dias. As ações caíram – em poucos dias a queda foi de 5%. Mais para frente, foi revelado que a empresa demitiu os responsáveis pela segurança pouco antes do ataque. A PSN ficou fora do ar por meses. Isso sem falar nas ameaças de processo – uma das seguradoras da empresa pediu a um tribunal para não ser obrigada a ressarcir danos que poderiam vir de indenizações relacionadas ao vazamento de dados.

Nintendo. A empresa foi obrigada a reduzir drasticamente o preço do Nintendo 3DS nos EUA: de US$ 250 para US$ 170. Motivo: o lançamento do portátil foi um fracasso. Enquanto os fãs da Nintendo se preocupam com o impacto que o corte de quase um terço no preço de um dispositivo tão novo terá sobre a empresa, outros temem a possibilidade de o fracasso inicial do 3DS ser um indício de mudanças na forma com a qual os consumidores encaram os jogos portáteis, escreveu Brian Crecente para o The New York Times.

HP e Dell. A culpa aqui não foi só das empresas. Mas, sim, de uma mudança no perfil dos consumidores: pararam de comprar desktops. As duas maiores fabricantes mundiais de computadores pessoais, Hewllet-Packard (HP) e Dell, declararam que a desaceleração nas vendas ao consumidor nos primeiros meses do ano derrubou as receitas totais. A HP disse que as vendas de PCs no último trimestre fiscal – que terminou em 30 de abril – caíram 5%, para US$ 9,4 bilhões. A queda de 23% nas vendas de computadores ao consumidor pesou muito mais para a companhia do que o aumento de 13% nas vendas para empresas.