O município fluminense de Paraty, escolhido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) para a realização do projeto piloto da campanha global Passaporte Verde no Brasil, vem apresentando avanços, disse à Agência Brasil o coordenador executivo do Fórum Desenvolvimento Local Integrado Sustentável Agenda 21 de Paraty, Domingos de Oliveira.
“Paraty, naturalmente, já tem essa vocação, em função da cultura caiçara e da preservação do meio ambiente”, destacou ele. Cerca de 80% da cidade são áreas tombadas. Mais de 21 instituições participam do fórum. Domingos de Oliveira disse que a agenda criou uma cultura focada no turismo sustentável e na sustentabilidade do município. “Nós incorporamos a cultura do Passaporte Verde, porque é uma leitura que nós já temos localmente”.
No dia 5 de março, o fórum reunirá líderes locais e representantes do Poder Público para discutir pendências no projeto piloto, assim como novas iniciativas.
A campanha internacional visa a estimular o turista a ser mais responsável e consumir de forma consciente, procurando reduzir os impactos negativos do seu comportamento sobre o meio ambiente nos destinos que visita.
Junto com o Ministério do Meio Ambiente, foram promovidas ações de capacitação das redes de pousadas existentes em Paraty, de modo a atender os critérios mínimos de sustentabilidade, segundo Oliveira. No campo da alimentação, foi desenvolvido o projeto da Gastronomia Sustentável, que utiliza produtos orgânicos no preparo dos alimentos adquiridos de produtores rurais e pescadores artesanais locais. “É um conjunto de ações que o próprio ministério hoje declara como a prática do Passaporte Verde”.
O coordenador observou que, para receber a certificação do Passaporte Verde, o restaurante precisa atender a algumas exigências. “Ele não pode usar o palmito juçara, não pode usar o peixe e o camarão na época do defeso. Tem que mostrar a nota do produtor rural de quem está comprando. Então, a gastronomia tem que atender a um critério socioambiental.”
De acordo com ele, os projetos são embrionários, de pequeno porte, mas já mostram retorno. A compensação de carbono promovida no município também já virou referência da Organização das Nações Unidas (ONU), destacou Oliveira. Em função da frota de veículos e do consumo, as grandes empresas tentam minimizar os efeitos prejudiciais ao meio ambiente com o plantio de árvores. “Isso é feito com certificação. A gente procura usar indicadores confiáveis, para não ficar muita propaganda e pouca ação. O nosso foco é manter esses projetos sustentáveis.”
Oliveira admitiu que ainda há muito a ser feito para que o município seja uma referência no campo da sustentabilidade. Uma das áreas deficitárias é a de saneamento básico. Questões como o tratamento da água e o esgotamento sanitário não foram totalmente incorporadas à cultura da cidade, bem como o uso adequado do solo, ressaltou o coordenador.
Outro problema a ser solucionado diz respeito a algumas comunidades que se encontram em condições sub-humanas de existência. “É uma luta constante. A gente persiste nesse sonho de ser o mais sustentável possível”.