A Rua Madredeus, no centro histórico de São Luís, é reconhecida como reduto de artistas e nascedouro das culturas populares da capital maranhense. Mas, antes que chegasse à rua esse reconhecimento, um grupo já batucava por ali, começando a dar forma ao carnaval da cidade: eram os Fuzileiros da Fuzarca.
Este ano, o bloco de rua mais tradicional de São Luís completa 76 anos, olhando para o futuro. “Há uns anos eram só idosos [que compunham o grupo]. Hoje já tem jovens, adolescentes e crianças para não deixar morrer a cultura. Isso é importante para a gente, que começou isso”, diz um dos batuqueiros, Ademilton Araújo.
A presidenta da Turma do Samba, Maria da Graça Viana, conta que começou o projeto Fuzileiros do Amanhã para garantir mais longevidade ao grupo. “Acontece que os mais idosos estão ‘indo’, e para não acabar o Fuzileiros, eu coloquei jovens e crianças que serão os Fuzileiros do Amanhã. Muita gente ignorava, mas o que eu poderia fazer era isso para não acabar os Fuzileiros.”
O mais antigo batuqueiro da turma, Doutor Bruxela, de 87 anos, lembra que a batucada do Fuzileiros conserva as características originais. “É a batucada toda antiga mesmo, que vem justamente trazendo a origem do carnaval da Madredeus. O Fuzileiros tem gente de 70 anos, de 80 anos e até de 90 anos, e agora tem toda essa gurizada que está chegando.”
Geralda Galiza, esposa de Ademilton, batuca há quatro anos e mostra um outro lado. “Fico feliz pelas velhinhas da terceira idade. Tem pessoas com 80 anos, cantando, dançando e felizes. Se nós pararmos, eles vão ficar só tomando remédio, doentinhos e isolados. Enquanto estiverem cantando, dançando, é como se revivessem a juventude e isso me deixa feliz”.