A caminhada do quarto até o auditório da clínica foi curta, amparada por muletas, mas é o início do que Giba chama de projeto olímpico. Por Londres, o ponteiro resolveu encarar a primeira cirurgia da carreira, na tíbia esquerda, aos 35 anos. Sempre com Nalbert como uma inspiração. Pouco antes da disputa das Olimpíadas de Atenas, em 2004, o jogador foi submetido a uma operação no ombro. Precisaria de oito meses para se recuperar, voltou a jogar na metade do tempo e teve como recompensa a sonhada medalha de ouro. Giba quer que o roteiro seja o mesmo. E o final feliz também.
“Ele é o meu maior exemplo. Voltou em quatro meses. Estou com um pouquinho de dor agora porque o doutor Ney Pecegueiro judiou de mim, mas estou tranquilo. Vim fazer a cirurgia no Rio, uma semana antes do carnaval sem poder ir pular o carnaval. Isso mostra a força de vontade que eu estou. Queriam que eu viesse falar com vocês de cadeira de rodas, mas eu quis vir andando. Quero muito esse ouro nos Jogos. Agora vai! Estou que nem Wolverine, com titânio dentro (colocou uma haste para ajudar na consolidação da fratura)”, afirmou Giba, comparando-se ao personagem dos quadrinhos, que tem superpoder de regeneração e o esqueleto revestido por um metal experimental e indestrutível (adamantium).
A dor não é capaz de tirar o sorriso do rosto do ponteiro. Também não inibe a sua curiosidade. Parte da manhã foi dedicada para ver o vídeo da cirurgia. Sim, o capitão da seleção tem um quê de médico. Pensou até em seguir carreira, mas o vôlei falou mais alto. Acompanhado de perto pela mulher, Cristina Pirv, mostrou bom humor ao falar sobre o processo que terá de passar para tentar encurtar seu retorno às quadras. Conta nos dedos o tempo até a abertura dos Jogos Olímpicos, em 27 de julho, mas não descarta estar apto a disputar a final da Superliga, caso o Florianópolis chegue até lá.
Nas próximas duas ou três semanas, a ordem é não colocar o pé no chão. Depois desse período, Giba poderá apoiá-lo no chão de leve e será submetido a radiografias para saber como anda a recuperação. Se tudo correr bem, será liberado para iniciar o trabalho físico. A expectativa é que em três meses possa jogar. Mas nada impede que o retorno seja mais rápido.
MOMENTO DIFÍCIL – “A maior lesão que tive foi em 98, no tornozelo. Naquele Mundial em que eu pisei na bola nas semifinais e voltei a jogar mesmo com três ligamentos rompidos. Fiquei dois meses e meio parado depois. Eu tinha 22 anos na época. Antes dos Jogos de Pequim, em 2008, tive uma entorse e só. Ainda bem que a primeira cirurgia foi agora, aos 35 anos. Espero poder repetir o que doutor Ney costuma dizer, que sou do outro mundo e que comigo tudo é possível. Meu ponto final vai ser a Olimpíada e não vou fazer loucura e colocar Londres em risco. Mas se tudo estiver bem e o Florianópolis chegar à final da Superliga, em abril, quem sabe eu não jogo? (risos)”.