Um acidente de carro ocorrido há 12 anos deixou a britânica Nicola Wilding, de 35 anos, sem movimentos no braço direito. Transplantes de nervos devolveram algum movimento ao antebraço, mas os médicos dizem que ela nunca mais poderá mexer a mão.

Agora, após ver um documentário da BBC, ela está considerando seriamente amputar o braço e implantar uma prótese em seu lugar. “No acidente, eu levantei meu braço para proteger minha cabeça, e isso puxou os nervos e o ombro para trás”, conta Wilding. “Tive fraturas expostas aqui e aqui”, mostra ela com o braço bom.

Os ossos foram recuperados, mas os danos ao seu plexo braquial, uma complexa estrutura nervosa que liga o pescoço ao braço através do ombro, eram mais problemáticos.

Todo o seu braço direito foi paralisado pelo acidente, então os cirurgiões realizaram transplantes de nervos, tomando tecidos de sua perna e da lateral de seu torso para tentar restaurar algum movimento.

Pouco a pouco e com a ajuda de fisioterapia, os movimentos foram retornando ao seu antebraço. Mas a mão permaneceu paralisada e atrofiou. “Meus médicos disseram: ‘Isso é tudo que podemos fazer por você'”, ela relata.

Frustração

Nicola ficou frustrada, e ainda está. “São as coisas do dia-a-dia. Não posso segurar uma torrada para passar manteiga. Eu passei a usar meus dentes para abrir garrafas, e lasquei alguns. Tirar minhas roupas, tomar um banho. Preciso ter refeições preparadas para mim – não consigo descascar uma batata, apesar de ter tentado de todo jeito. Eu provavelmente me machucaria”, diz. “Há coisas que eu simplesmente não consigo fazer”, afirma.

Então, no ano passado, ela viu um documentário da BBC que mostrava um austríaco que havia escolhido ter sua mão atrofiada amputada e substituída por uma prótese. Ele sofreu danos ao plexo braquial em um acidente de moto e também perdeu o uso da mão.

O documentário também mostrou a história de Patrick, o primeiro paciente a passar pela operação e que já mostrava sua mão biônica, abrindo garrafas e amarrando os sapatos. “Eu fiquei cheia de esperança, porque poderia mudar minha vida”, conta Nicola.

Ela então contatou o cirurgião austríaco Oskar Aszmann, responsável pelo transplante, e neste mês teve finalmente a oportunidade de encontrá-lo e conversar sobre suas opções.

“Estas são decisões arriscadas – são irreversíveis. Uma vez que o membro seja amputado, não tem volta. Não dá para por de volta”, observa Aszmann. Apesar disso, ele considera Nicola uma boa candidata. “Ela já está pronta. Ela diz que quer ter uma mão e um braço funcionais, então acho que não existem questionamentos em sua mente”, diz.

‘Porta aberta’

Nicola terá que ir a Viena para uma série de exames nos nervos de seu braço, para ver se eles poderão passar sinais suficientes para mover seu braço biônico. Ela também poderá ter que passar por novas operações para melhorar os movimentos e para reduzir a dor persistente que ela sente no braço.

Nicola se diz otimista. “Se existe a possibilidade, quero ter certeza de que tentei de tudo”, afirma. “Esta é outra porta a ser aberta, então claro que quero passar por isso. Qualquer que seja o resultado, é algo positivo”, diz.

Ela já planeja sua viagem a Viena e, se tiver aprovada sua amputação seletiva, terá que pensar em começar a juntar dinheiro, não só para a operação, mas também para uma vida inteira de manutenção de sua prótese.