Pela primeira vez em sua história Marília registra a renúncia de um prefeito. Exatamente às 15h54 de ontem (5), o procurador geral do município, Luiz Carlos Pfeifer, protocolou na secretaria da Câmara Municipal a carta de renúncia de Mário Bulgareli, que ocupava o cargo desde 2005. O documento foi assinado pelo ex-prefeito na manhã de segunda-feira e reconhecido no Terceiro Tabelião de Notas.

A reportagem do Diário de Marília teve acesso em primeira mão à carta minutos após o protocolo do procurador. O legislativo oficializou o pedido com a leitura do texto na sessão ordinária no final da tarde de ontem. O vice-prefeito Ticiano Toffoli já foi empossado oficialmente na mesma sessão.

Os motivos da renúncia de Bulgareli são questionáveis. Em nota o ex-prefeito justifica sua saída por motivos de saúde. Entretanto, todos os indícios apontam que a renúncia estaria ligada as investigações da Polícia Federal, Gaeco e Ministério Público sobre denúncias de improbidade administrativa.

De acordo com as denúncias, o prefeito estaria envolvido no esquema de propina e desvio do dinheiro público coordenado pelo chefe de gabinete e secretário da Fazenda afastado, Nelson Virgilio Granciéri. Devido estas suspeitas seria votada na sessão de ontem representação para abertura de CP (Comissão Processante).

Prefeito estava sob pressão

Se a primeira gestão de Bulgareli (2005-2008) pode ser classificada como razoável, o mesmo não pode se dizer do segundo mandato. A começar pela mudança de lado. Como fez em 1996, quando abandonou Salomão Aukar para se aliar ao ex-prefeito e hoje deputado federal Abelardo Camarinha, trocou novamente de lado em 2008 para se juntar com o Partido dos Trabalhadores (PT).

O declínio começou quando de forma anti-democrática tentou estabelecer reajustes abusivos nos valores do IPTU, causando grande mal-estar e gerando a revolta da população. Repetiu a dose em 2009 e 2010, na tentativa de engordar a arrecadação municipal, e nesse meio tempo criou também a impopular Taxa dos Bombeiros.

A inoperância em frentes específicas como a recuperação do asfalto e o investimento no abastecimento de água complicaram ainda mais a situação do ex-prefeito.

A gota d’água foi a descoberta de um esquema de corrupção sem precedentes dentro da prefeitura, incluindo pagamento de propina a aliados políticos, tudo sob gerência de seu braço direito, o chefe de gabinete e secretário da Fazenda afastado Nelson Granciéri. Soma-se a essa equação os calotes milionários no Ipremm, em fornecedores e prestadores de serviços, precatórios e os diversos TACs (Termos de Ajustamento de Conduta) firmados com o Ministério Público e não cumpridos.