Um dos principais desafios do governo na área sanitária é reduzir a subnotificação dos casos de intoxicação por agrotóxicos no país. Segundo o diretor do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Guilherme Franco Netto, o conhecimento exato do problema é fundamental para melhorar políticas de “enfrentamento”.
Entre 2006 e 2011, o número de casos registrados subiu de 3 mil para 8 mil, mas o diretor do Ministério da Saúde acredita que muitos ainda deixam de ser contabilizados. De acordo com ele, diversas ações estão sendo implementadas nessa área. “Verificamos um crescimento importante nas notificações nos últimos quatro anos, demonstrando que há um impacto grande na saúde, mas ainda há muita subnotificação. Possivelmente nenhum de nós deixa de ter algum tipo de traço de agrotóxico no sangue, por exposição direta ou pelos alimentos ou por contaminação do lençol freático”, disse.
Para reverter o quadro, o Ministério da Saúde vai formar, nos próximos meses, com estados e municípios, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), um modelo integrado de vigilância em saúde relacionado a agrotóxicos. O objetivo é garantir que, até 2015, todas as secretarias de Saúde do país tenham um protocolo mínimo para atuar em casos de intoxicação. “Vamos desenvolver um processo em que todos os serviços de assistência médica vão ter que se adequar, garantindo a melhora na rede básica e nas especializações, no centro de terapia intensiva etc.”, acrescentou.
Pela iniciativa, os estados vão receber recursos do Ministério da Saúde para compra de equipamentos e viaturas, estruturação de laboratórios, entre outros. Os valores ainda não foram definidos.
Além disso, o Ministério da Saúde vai desenvolver este ano, em parceria com diversos centros de pesquisa, um levantamento no país para reunir informações sobre as características da exposição humana aos agrotóxicos. O estudo trará informações divididas por regiões. O diretor explicou que o edital para o projeto já foi publicado, e os pesquisadores interessados devem enviar suas propostas de trabalho até 10 de maio.
O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag) e a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) são as principais entidades representativas da indústria de defensivos agrícolas atuantes no país. Para elas, o consumo de agrotóxicos nas lavouras brasileiras é necessário porque o clima tropical exige mais tecnologia para controle de pragas.
A entidade também aponta o emprego de defensivos agrícolas, especialmente nas lavouras de soja, milho, algodão, cana-de-açúcar e café, entre os principais fatores que resultaram, em 2011, na elevação de 3,9% do Produto Interno Brasileiro (PIB) do agronegócio. Nessas cinco culturas, segundo dados do Sindag, estão concentrados os indicadores de vendas de defensivos mais elevados.
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