A cidade de Eldorado dos Carajás fica no sul do estado do Pará e ganhou as páginas dos noticiários em 1996 quando dezenove pessoas foram mortas num confronto com a polícia daquele Estado. O acontecimento se deu no dia 17 de abril.
Tudo começou quando 1.500 sem terras, acampados naquela região, decidiram fazer uma marcha em protesto à demora para a desapropriação de terras. Eles teriam obstruído a Rodovia PA-10 e por isso a Polícia Militar foi chamada. A ordem para a ação teria sido dada pelo então Secretário de Segurança do Pará, declarando que poderiam “usar a força necessária”.
De acordo com relatos na época, foram usados bombas de gás lacrimogênio enquanto que os manifestantes reagiram armados com foices e facões. A polícia reagiu atirando, primeiro para o alto, mas como os manifestantes não se intimidaram, a reação seguinte foi atirarem contra a multidão. Dezenove pessoas morreram no local, enquanto que outras ficaram gravemente feridas.
Segundo o legista Nelson Massini, que fez a perícia dos corpos, pelo menos 10 sem-terras foram executados. Sete lavradores foram mortos por instrumentos cortantes, como foices e facões. Uma semana depois, o Governo Federal anunciou a criação do Ministério da Reforma Agrária e indicou o então presidente do Ibama, Raul Jungmann para o cargo de ministro. Na época, o ministro da Justiça era Nelson Jobim que declarou que a polícia teve uma ação inadequada e jamais poderia ter agido daquela maneira.
O presidente Fernando Henrique Cardoso determinou que tropas do Exército fossem deslocadas para conter a onda de violência naquela região, assim como pediu a prisão imediata dos responsáveis pelo massacre.