O futebol e o termo justiça normalmente não caminham juntos, mas um gol de “Super Mario” Gómez aos 44 minutos do segundo tempo fez com que o Bayern de Munique não deixasse a Allianz Arena com um placar mentiroso. Melhor em grande parte da partida, o time alemão derrotou o Real Madrid, por 2 a 1, nesta terça-feira, e saiu na frente por um lugar na decisão daLiga dos Campeões da Europa.

O resultado, que ainda teve gols de Franck Ribéry e Mesut Özil, deixa os bávaros com a vantagem do empate no confronto da próxima quarta-feira, no Santiago Bernabéu. Uma vitória por 1 a 0 será o suficiente para levar os merengues à finalíssima da maior competição do continente, disputada justamente em Munique, no dia 19 de maio. Na outra chave, Barcelona e Chelsea abrem a segunda semifinal nesta quarta-feira, com transmissão do GLOBOESPORTE.COM e da TV Globo a partir das 15h45m (de Brasília).

Com mais um gol decisivo, Gómez se aproximou do argentino Lionel Messi na tabela de artilharia. O grandalhão alemão soma agora 12 tentos, contra 14 do craque do Barcelona. O terceiro colocado é Cristiano Ronaldo, com oito, que passou em branco, mas deu o passe para Özil marcar para a equipe de José Mourinho.

Acostumado a ver o seu time a praticar futebol ofensivo, o treinador português deu mostras de que estava satisfeito com o empate no segundo tempo e acabou punido no fim. O brasileiro Kaká, que sequer deixou o banco de reservas, também não deve ter gostado das substituições de Mourinho. O lateral Marcelo foi outro que não começou jogando, mas entrou na etapa final e por pouco não foi expulso no fim após dura entrada em Müller.

Antes de a bola rolar, o Real Madrid teve ainda mais dor de cabeça. Seis pares de chuteiras, três deles somente de Cristiano Ronaldo, foram roubados de dentro do vestiário na Allianz Arena. Benzema e Özil também saíram prejudicados.

Foi sob muitos aplausos que o Bayern de Munique desceu para os vestiários após o apito final de Howard Webb. Afinal, mesmo com Robben em uma noite não tão inspirada, os bávaros deram motivos para o torcedor ficar empolgado.

O principal deles veio aos 17 minutos, quando Badstuber desviou sem querer uma cobrança de escanteio com o peito e viu a bola sobrar para Ribéry fuzilar. Luiz Gustavo, em impedimento, ainda deu um pulo para sair da trajetória – o lance foi tão rápido que Casillas sequer reclamou. Era o primeiro e único gol em uma primeira etapa alucinante.

O Real Madrid não teve Marcelo e Kaká, que começaram no banco de reservas por opção de José Mourinho, mas assustou cedo. Logo aos seis minutos, Özil enfiou para Benzema, que avançou e concluiu com força, por cima. Neuer fez grande defesa e impediu gol certo.

 

 E lances polêmicos

Os donos da casa aceleraram o jogo e não demoraram a responder. Aos 14, Ribéry recebeu de Robben, limpou Sergio Ramos, e caiu. Ele pediu pênalti do defensor espanhol, que colocou a mão em seu peito, mas acabou ignorado por Webb. O gol na sequência, aos 17, no entanto, acabaria com as reclamações por parte dos alemães, ainda que não pudessem ter a certeza se Luiz Gustavo participou ou não do lance.

Do outro lado, era Cristiano Ronaldo quem chamava a responsabilidade. O camisa 7 foi o responsável por criar duas oportunidades, aos 20 e 28, em finalizações perigosas. Pouco antes, aos 26, o meia Schweinsteiger também experimentou o “quase” em chute de fora da área.

Em uma etapa inicial com tantas chances seria natural que os goleiros também fossem destaques. Neuer voltou a aparecer aos 39 em novo chute de Benzema. Dessa vez o alemão defendeu com segurança. No contra-ataque, Gómez obrigou Casillas a salvar de maneira espetacular.

Real empata ‘cedo demais’

O time merengue voltou igual para o segundo tempo, mas certamente com postura mais incisiva. Assim como Robben, que quase ampliou aos seis minutos – o chute passou por cima do gol de Casillas.

O empate saiu no lance seguinte. Em contra-ataque muito rápido, Cristiano Ronaldo recebeu livre dentro da área, mas desperdiçou com um chute fraco. A bola sobrou para Benzema, que chutou cruzado e encontrou novamente o português. Sem ângulo, ele tocou para trás e deixou Özil com o trabalho de empurrar a bola para as redes em seu 100º jogo pelos merengues – 14 gols e 47 assistências.

Não seria um erro dizer que o gol fez o Real Madrid mudar sua forma de jogar. Já mais apegado à defesa, o time de José Mourinho viu o Bayern de Munique crescer principalmente depois que o meia-atacante Thomas Müller substituiu Schweinsteiger. Faltava, porém, maior capricho aos alemães, que custavam a transformar o domínio territorial em pressão.

Nem as substituições de Mourinho, que reforçou a área de sua maior preocupação com Marcelo e pôs Granero e Higuaín com fôlego renovados, surtiram efeito. O Bayern seguiu melhor em campo, e Ribéry, em linda jogada individual, e Gómez, em rápida cabeçada, assustaram o Real. Ficou para o fim, no entanto, o golpe que pôs justiça no placar: aos 44, Lahm passou por Coentrão e cruzou rasteiro. “Super Mario” Gómez apareceu ao seu melhor estilo trombador, na pequena área, para concluir: 2 a 1.